O governo chinês acusou neste sábado os Estados Unidos de desestabilizarem a região Ásia-Pacífico, após as declarações do novo secretário de Defesa americano sobre as ilhas cuja soberania é disputada entre China e Japão.
[SAIBAMAIS]
Em viagem a Tóquio, o secretário James Mattis reiterou que o arquipélago das Senkaku (Diaoyu, em chinês), no Mar da China Oriental, está protegido pela aliança militar entre Estados Unidos e Japão.
Tanto a China quanto o Japão reivindicam o arquipélago, pequeno e desabitado. O Ministério chinês das Relações Exteriores reagiu afirmando que o tratado nipo-americano é "um produto da Guerra Fria" que não deveria "afetar a soberania territorial da China e seus direitos legítimos".
"Pedimos à parte americana que tome uma atitude responsável, encerre as declarações errôneas sobre a soberania das Diaoyu e evite complicar ainda mais este assunto desestabilizando a situação regional", declarou o porta-voz do ministério, Lu Kang, citado pela agência Xinhua.
"As Diaoyu são parte inerente do território chinês desde tempos antigos", assinalou. Em conferência com o colega japonês, Mattis disse hoje que "os Estados Unidos continuarão reconhecendo a administração japonesas destas ilhas, e que, portanto, aplica-se o artigo 5 do Tratado de Segurança entre Japão e Estados Unidos".
O artigo compromete Tóquio e Washington a responder a qualquer ataque ao território japonês ou sob administração japonesa. Neste aspecto, o novo governo dá prosseguimento à política para o Japão do presidente Barack Obama.
Destruir a confiança
O ex-general Mattis teve palavras muito claras sobre outra região disputada, no Mar da China Meridional, ao afirmar que Pequim "destruiu a confiança dos países da região". Mas defendeu que estes assuntos sejam resolvidos mediante a arbitragem e a democracia, e não mediante "medidas militares importantes".
A China reivindica a maior parte do Mar da China Meridional, mas Filipinas, Vietnã, Brunei e Malásia também têm pretensões e controlam várias ilhas desta ampla zona marítima.
Mattis discursou em Tóquio após um giro por Coreia do Sul e Japão, em que tentou tranquilizar estes dois aliados de Washington, preocupados com as mensagens da campanha eleitoral de Donald Trump, em que o então candidato pareceu questionar os compromissos militares dos Estados Unidos na região.
O republicano disse que contemplava a retirada de soldados americanos do sul da península coreana e do arquipélago japonês se estes dois países não aumentassem significativamente sua contribuição financeira.
Trump não hesitou, então, em dar a entender que seria preferível que ambos os países se dotassem da arma atômica, embora, agora, o presidente negue ter sugerido isso.
Durante as reuniões nas duas capitais do Sudeste Asiático, Mattis afirmou que os Estados Unidos responderiam a qualquer ameaça a estes dois países, principalmente se for nuclear e vinda da Coreia do Norte.