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Esposa de candidato presidencial francês teria recebido mais de US$ 900 mil

Favorito da direita nas pesquisas para a eleição presidencial, Fillon já negou que sua mulher tenha sido funcionária fantasma e disse estar disposto a renunciar, caso seja provado o contrário

A esposa do candidato conservador à presidência da França, François Fillon, recebeu mais de 900.000 euros (970.000 dólares) como assistente parlamentar de seu marido - afirmou a revista satírica Le Canard Encha;né em sua edição desta semana.

Além de ter contratado sua mulher, Penelope Fillon, o candidato presidencial empregou dois de seus filhos como assistentes parlamentares quando foi senador entre 2005 e 2007, segundo a mesma fonte.

De acordo com Le Canard Encha;né, Penelope ganhou 831.440 euros brutos por ter trabalhado como assistente parlamentar de seu marido e, depois, como sua suplente entre 1988-1990, 1998-2007 e 2012-2013.

Inicialmente, o periódico falou em "500.000 euros brutos", mas a descoberta de "novos documentos" desde a semana passada mudou a situação.
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Favorito da direita nas pesquisas para a eleição presidencial, Fillon já negou que sua mulher tenha sido funcionária fantasma e disse estar disposto a renunciar, caso seja provado o contrário.

O semanário alega que não há registros de atividade da mulher de Fillon, que sempre se apresentou como dona de casa.

Além de ter contratado a esposa - acrescenta a revista -, o candidato presidencial empregou dois de seus filhos como assistentes parlamentares quando foi senador entre 2005 e 2007. Ainda estudantes, os dois teriam recebido 84.000 euros.

A lei francesa não proíbe a contratação de um familiar por parte dos deputados, desde que a pessoa desempenhe funções efetivas, mas o Canard Encha;né afirma que não há registros de atividades de Penelope, ou de sua presença na Assembleia Nacional.

Os deputados franceses dispõem de um montante mensal (9.561 euros em 2016) para remunerar o trabalho real de até cinco colaboradores, mesmo familiares, lembra o veículo.

Nesta terça (31), investigadores franceses apreenderam documentos em função da denúncia do emprego fantasma da esposa de Fillon.

Os agentes revistaram o escritório de Fillon em busca de supostos pagamentos recebidos por sua mulher. Fontes ligadas à investigação disseram se tratar, porém, de uma entrega de documentos, e não de uma batida policial.

"Estabelecer a verdade"

Penelope Fillon também teria recebido cerca de 100.000 euros por um emprego em uma revista literária francesa em 2012-2013. A redação da publicação, propriedade de um amigo de Fillon, sofreu uma batida policial na semana passada.

Seu diretor da época, Michel Crépu, lembra-se apenas de "duas, ou três resenhas" assinadas por Penelope.

O casal foi interrogado de forma separada na segunda-feira (30) por policiais encarregados da investigação aberta pelo Ministério Público financeiro de Paris.

O advogado dos Fillon ressaltou que seus clientes "entregaram elementos úteis para estabelecer a verdade sobre o trabalho realizado pela senhora Fillon".

Ex-primeiro-ministro de Nicolas Sarkozy (2007-2012), Fillon solicitou a sessão para esclarecer o caso, alegando que não tem nada a temer.

A investigação buscará determinar se Penelope Fillon trabalhou, de fato, nos anos em que recebeu como assistente parlamentar.

Fillon, de 62 anos, derrotou o ex-presidente Nicolas Sarkozy e o ex-primeiro-ministro Alain Juppé nas prévias republicanas de novembro, após uma campanha que tinha a "honestidade" como principal slogan.

Há semanas, ele aparecia como claro favorito para se tornar o novo presidente da França nas eleições de dois turnos - em 23 de abril e em 7 de maio.

Segundo a pesquisa Kantar Sofres onepoint publicada no domingo, a líder da extrema direita, Marine Le Pen, estaria liderando o primeiro turno, à frente de Fillon, que perdeu pontos.