Reintroduzir nos Estados Unidos a tortura e outras técnicas de interrogatório associáveis a atos de barbárie teria consequências catastróficas para o mundo inteiro, afirmou nesta segunda-feira (30/1) o Relator Especial da ONU sobre a Torturas, o suíço Nils Melzer.
Em um comunicado, o especialista faz um apelo ao presidente americano Donald Trump para que leve em conta "não apenas as obrigações legais, a doutrina e as tradições americanas, como também as considerações morais e legais da comunidade internacional, antes de autorizar a reintrodução de técnicas de interrogatório mais estreitamente associadas à barb árie do que à civilização".
"Se a nova administração decidir rever o uso da tortura (...), as consequências seriam catastróficas para o mundo inteiro", advertiu, afirmando que outros países poderão seguir seus passos.
Esta declaração acontece dias depois que o Trump afirmou que a técnica do submarino (afogamento) e outros métodos de interrogatório de prisioneiros vistos como tortura - e proibidos por lei - funcionam perfeitamente, destacando, no entanto, que deixará que os chefes do Pentágono e da CIA decidam de devem voltar a recorrer a essas práticas.
Consultado sobre o afogamento durante uma entrevista à rede ABC, Trump disse que é necessário "combater fogo com fogo" ante as decapitações de americanos e outras atrocidades cometidas pelos militantes do grupo Estado Islâmico (EI).
O novo chefe do Pentágono, general James Mattis, por sua vez, já afirmou que é a favor de manter as atuais regras americanas durante a realização de interrogatórios aos prisioneiros, que proíbem a utilização da tortura.
Em resposta a uma pergunta feita por escrito pelos senadores do Congresso americano, o general Mattis declarou "apoio total" às regras americanas sobre os métodos de interrogatório, incluídos no manual do Exército dos Estados Unidos.
Estas regras, que servem de referência para todas as autoridades americanas, excluem a simulação de afogamento e outras práticas semelhantes à tortura.