A expectativa de analistas era de que o republicano adotasse uma postura menos hostil, especialmente na retórica. ;O que surpreende é que não tem havido qualquer tipo de freio aos excessos da personalidade dele;, observa Marco Meneses, coordenador do curso de relações internacionais do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb). O estudioso pondera que é cedo para avaliar os riscos políticos de uma prolongada abordagem agressiva da Casa Branca, mas recorda que a posição de Trump não é das mais confortáveis. ;Ele perdeu no voto popular para Hillary Clinton com mais de 3 milhões de votos, o que é muito expressivo, e chegou à Casa Branca com baixos níveis de aprovação, para um presidente que está tomando posse;, destaca. ;Ele parece ter entrado em um jogo de alavancar medidas que possam retomar os índices de aprovação, apelando ao público conservador que o elegeu, mas muitas medidas causam bastante espanto;.
Turbulência inusitada
Meneses considera preocupante a possibilidade de as ações de Trump inflarem a xenofobia e classifica como ;mais do que uma crise diplomática; o abalo nas relações EUA-México ante a insistência em construir um muro na fronteira e mandar a conta para o presidente Enrique Peña Nieto. ;Além de aliado muito próximo e vizinho, o México é o terceiro maior parceiro comercial dos EUA. Criar uma crise diplomática como essa com um país aliado, em sua primeira semana de governo, é algo inédito.;
O estudioso prevê meses de instabilidade até que os rumos do governo fiquem mais claros. Daniela Marques Medeiros, professora de relações internacionais da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), compara o comportamento de Trump ao de um animal ameaçado. ;Parece que elegeram um personagem, o problema é que ele vai implementar o que falava em campanha. Ele não é nada sutil.;