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Turquia anuncia que revisará suas relações com a Grécia

Ancara emitiu nesta quinta uma nova ordem de prisão contra oito militares que fugiram para a Grécia depois da tentativa de golpe

A Turquia anunciou nesta quinta-feira (26/1) que procederá à revisão de suas relações com a Grécia, depois da negativa da Justiça grega de extraditar oito militares turcos suspeitos de participarem da tentativa de golpe de Estado frustrado em 15 de julho passado.

O Ministério turco das Relações Exteriores alertou que fará uma "avaliação exaustiva" do impacto dessa decisão da Justiça nas relações "bilaterais" com Atenas e na cooperação "na luta contra o terrorismo".

Ainda segundo a nota divulgada pela Chancelaria, "vemos [a decisão] como motivada por considerações políticas".

Hoje, Ancara emitiu uma nova ordem de prisão contra oito militares que fugiram para a Grécia depois da tentativa de golpe e voltou a renovar o pedido de extradição ante Atenas.

Os militares - quatro capitães, dois comandantes e dois sargentos - foram postos sob prisão temporária desde sua aterrissagem de helicóptero no nordeste da Grécia, perto da fronteira entre ambos os países, em 16 de julho.

A Suprema Corte grega acolheu o pedido do Ministério Público, o qual se pronunciou, há dez dias, contra a extradição dos militares. O MP alega que não há garantias de que os réus terão um julgamento justo na Turquia.

"Independentemente de sua (suposta) culpabilidade, sua extradição não foi autorizada, já que seus direitos estão em perigo" na Turquia, justificou o tribunal, cujo presidente destacou o risco de "torturas".

Esse caso é complicado para Atenas, que mantém, há tempos, relações delicadas com Ancara. A Grécia conta com a Turquia, em particular, para conter o fluxo migratório pelo mar Egeu, com base no acordo entre Ancara e a União Europeia (UE) firmado em março passado.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, foi um dos primeiros líderes a manifestar seu apoio "ao governo democraticamente eleito" na Turquia, em 15 de julho, durante o golpe frustrado.

Depois, Atenas começou a se preocupar com o endurecimento do governo turco, incluindo as contendas bilaterais tradicionais de soberania no Egeu.

O ministro grego da Justiça, Stavros Kontonis, preferiu manter distância da polêmica. Em caso de uma decisão afirmativa sobre a extradição, ele teria a última palavra sobre sua aplicação.

"Qualquer decisão da Justiça será respeitada", disse ele à imprensa na quarta-feira (25).

A Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) comemorou a decisão, considerando-a uma "vitória".

"Isso não é uma questão de relações bilaterais, mas de justiça", tuitou seu presidente, o grego Dimitris Christopoulos.