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Referência involuntária da equipe de Trump a '1984' dispara vendas

Comentário foi feito por uma assessora de Donald Trump e fez disparar vendas do clássico de George Orwell

Uma referência ao livro "1984" feita involuntariamente por uma assessora de Donald Trump disparou as vendas do clássico de George Orwell, que liderava nesta quarta-feira (25/1) a lista dos mais vendidos no site da Amazon nos Estados Unidos.

Para defender o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, depois da polêmica envolvendo os números do público presente à posse de Trump, a assessora Kellyanne Conway classificou no domingo a versão de seu colega como "fatos alternativos".

Spicer chegou a afirmar que a posse do novo presidente foi a mais numerosa já vista na história do país. Fotos comparativas avaliadas por analistas apontam, porém, que a cerimônia em Washington contou com uma presença bem menor de visitantes do que na posse de Barack Obama, em 2009.

Após a declaração de Kellyanne Conway, vários jornais afirmaram que o termo foi usado em "1984", que descreve uma sociedade onde o governo controla estritamente a informação.

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Em sua obra, Orwell trabalha com o conceito de "duplipensar", o qual - segundo o autor britânico - "significa o poder de manter duas crenças contraditórias na mente simultaneamente, aceitando ambas".

Nas horas que se seguiram à polêmica, as vendas de "1984" dispararam. O livro foi publicado originalmente em 1949. Hoje, era o mais vendido na página da Amazon nos Estados Unidos.

Um porta-voz da editora Penguin disse à rede CNN que uma tiragem "significativa" de 75.000 exemplares adicionais desse título seria impressa para responder à demanda incomum.

Para a psicóloga Marilyn Wedge, que publicou um artigo no site Psychology Today, é possível estabelecer um paralelismo entre "1984" e o governo Trump.

Donald Trump "está tentando nos dizer que criamos o que ele e seus assessores dizem por cima do que nossos próprios olhos nos dizem", comentou.