Sete pessoas condenadas à morte no Kuwait em casos referentes à prática de crimes comuns, incluindo um membro da família real dos Al-Sabah e três mulheres, foram enforcadas nesta quarta-feira (25/1), nas primeiras execuções realizadas no país desde junho de 2013.
As execuções na prisão central da Cidade do Kuwait eram esperadas. Desde terça-feira, jornais locais noticiaram que parentes dos condenados e representantes consulares haviam sido convocados para vê-los uma últimas última vez.
Ao contrário da vizinha Arábia Saudita, o Kuwait não executa sistematicamente condenados à morte. As desta quarta-feira são as primeiras desde junho de 2013, quando dois egípcios, um deles um estuprador em série de menores, foram enforcados.
Ao anunciar as execuções, um porta-voz do procurador-geral lembrou que todas as sentenças foram, ao final do processo judicial, aprovadas pelo emir, o xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah.
Um dos três executados é uma kuwaitiana, Nusra al-Enezi, que havia sido condenada por atear fogo a uma tenda durante o casamento de seu marido em 2009, matando 57 pessoas, principalmente mulheres e crianças.
Durante seu julgamento, Nusra al-Enezi, que tinha 23 anos no momento do crime, declarou que quis se vingar de seu marido que ousou ter uma segunda esposa.
As outras duas executadas nesta quarta-feira são de nacionalidade filipina e etíope, empregadas domésticas que teriam assassinado, segundo a justiça, parentes das famílias de seus empregadores.
O governo de Manila indicou ter feito "todos os esforços" para evitar a execução da filipina.
Primeiro príncipe enforcado
O xeque Faisal Abdullah Al-Jaber Al-Sabah foi o primeiro membro da realeza a ser executado no Kuwait.
Ele havia sido condenado por ter assassinado a tiros em 2010 um outro membro da família governante. Segundo a Justiça, tratou-se de um crime premeditado.
As motivações deste homem, filho de embaixador e ex-oficial do exército, não foram esclarecidos no julgamento, apesar de as autoridades descartarem qualquer razão política no seio de uma família afetada por muitos conflitos.
Os outros dois executados foram dois egípcios condenados por assassinato premeditado, e um cidadão de Bangladesh condenado por sequestro e estupro.
Em um comunicado, a Anistia Internacional (AI) descreveu as execuções como "chocantes e profundamente lamentáveis".
"Ao retomar as execuções, as autoridades do Kuwait mostram um desprezo injustificado ao direito à vida", escreveu Samah Hadid, vice-diretora da AI em Beirute.
Por sua vez, a Reprieve, um grupo de defesa dos direitos humanos com sede em Londres, criticou as execuções e pediu que a comunidade internacional pressione Kuwait, Arábia Saudita e Bahrein para acabar com as penas de morte.
Cerca de 50 outras pessoas estão no corredor da morte no emirado. Entre elas, dois homens condenados à pena capital por um ataque a uma mesquita xiita que deixou 26 mortos e 227 feridos em junho de 2015 e que foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico.
Entre os países árabes do Golfo, a Arábia Saudita é de longe o que mais executa condenados à morte. Em 2016, 153 execuções foram registradas no reino.