Na capital americana, Trump e seu vice, Mike Pence, darão início ainda nesta quinta à série de atos formais que terminarão com a posse, que será realizada na sexta-feira na escadaria do Capitólio.
O bilionário republicano, que se vangloria de ter 20 milhões de seguidores no Twitter, deixou seu QG nova-iorquino, a Trump Tower, com destino à capital, onde vai pernoitar, antes de se mudar na sexta para a Casa Branca.
O empresário deixará seu Boeing pessoal no aeroporto La Guardia, em Nova York, e passará a se deslocar a partir de então em uma aeronave da frota presidencial, o Air Force One.
Nesta quinta, às 15h30 locais (18h30 de Brasília), Trump depositará flores no Cemitério Nacional de Arlington, onde estão sepultados os veteranos americanos mortos em combate, e depois discursará do outro lado do rio Potomac, no Lincoln Memorial, epicentro da cerimônia de posse, que contará com shows de música country e fogos de artifício.
A cerimônia de juramento, ao ar livre, no Capitólio, começará ao meio-dia (15h00 de Brasília) de sexta-feira, segundo data e hora estabelecidas na Constituição, e será transmitida pela TV de todo o planeta, em um dia com previsão de chuvas.
Centenas de milhares de cidadãos, entre partidários e opositores ao novo presidente começaram a chegar à capital para participar deste ritual democrático do qual vão participar dirigentes políticos de todo o país, entre eles a adversária de Trump na disputa à Casa Branca, a democrata Hillary Clinton e três ex-presidentes.
"Trump tem pressa real de chegar à Casa Branca e começar a trabalhar para os americanos", disse nesta quarta-feira seu vice-presidente, o conservador Mike Pence, de 57 anos.
Sem experiência política, nem militar, o septuagenário Donald Trump foi eleito, de certa forma, graças aos maus modos: seus eleitores, egressos das classes populares, o levaram à Presidência para virar a página da era Obama e alterar profundamente o status quo político. O bilionário prometeu por mãos à obra rapidamente.
De Kennedy a Reagan
Depois de se despedir de Barack Obama, o republicano prevê estampar sua assinatura em quatro ou cinco decretos na própria sexta-feira e em muitos outros, mais importantes, a partir de segunda-feira, com a finalidade de desmontar tudo o possível da gestão de seu antecessor sem esperar o Congresso, em temas como imigração, meio ambiente, energia, direito trabalhista.
Trump deve, ainda, terminar o discurso de posse que fará na sexta-feira. Em dezembro, em seu clube privado de Mar-a-Lago, na Flórida, sua "Casa Branca de inverno", ele disse que queria se inspirar em John F. Kennedy e Ronald Reagan.
Em 1961, em plena Guerra Fria, o democrata Kennedy conclamou seus concidadãos, em seu discurso inaugural, a não reivindicar que os Estados Unidos fizessem algo por eles, mas se perguntar o que eles podiam fazer pelo país. Em 1981, Reagan disse que "o governo não é a solução para nossos problemas, o governo é o problema".
Trump consultou vários historiadores, observou discursos de alguns de seus antecessores e tem sido aconselhado por seus assessores, mas o texto que lerá na sexta-feira será "um texto Trump. É ele que o redige, edita e corrige", comentou seu porta-voz, Sean Spicer.
A duração do discurso seria de 20 minutos, como o de Barack Obama em 2009, disse o porta-voz.
Oposição democrata se organiza
O presidente em fim de mandato fez uma espécie de advertência na quarta-feira ao seu sucessor. Com um pé fora da Casa Branca, o democrata, de 55 anos, reiterou que não intervirá regularmente no jogo político, mas não se calará se Trump ultrapassar alguns limites.
A oposição democrata está se organizando sem o atual presidente.
Um terço dos legisladores do partido boicotará a cerimônia de sexta-feira e no Senado, os democratas tentarão dificultar a confirmação de diversos membros do gabinete de Trump.
Os republicanos pretendiam que na mesma sexta-feira pelo menos sete integrantes do novo gabinete fossem confirmados em seus postos pelo Senado, mas é provável que fracassem em sua tentativa.