Revogar o programa de saúde "Obamacare", deportar os imigrantes ilegais, abandonar acordos comerciais e construir um muro na fronteira com o México: o primeiro dia de Donald Trump na Casa Branca será muito movimentado se ele cumprir mesmo suas promessas de desfazer oito anos de políticas de Barack Obama.
Algumas ordens e orientações podem se reverter com apenas uma assinatura. Mas outras políticas exigirão meses para desaparecer. No entanto, Trump poderá colocar em andamento imediatamente as engrenagens para resolver vários assuntos.
O magnata republicano citou dezenas de ações que pretende realizar nas primeiras horas de sua presidência, mas especialistas dizem que a efetividade de Trump será limitada, já que o Executivo é apenas um dos braços do poder, junto com o Congresso e o Poder Judiciário.
Trump "não pode simplesmente chegar e fazer tudo o que quiser no primeiro dia", disse o procurador para imigração David Leopold. "Na democracia não há um diretor executivo".
A seguir, alguns dos planos de Trump para seu primeiro dia na Casa Branca.
Saúde
O presidente eleito prometeu introduzir, apostando na maioria republicana do Congresso, a legislação necessária para "revogar e substituir" o "Obamacare", a reforma de saúde lançada por Barack Obama. Sua equipe insiste que Trump assinará imediatamente as ordens executivas necessárias para desmantelar esta lei.
Trump disse recentemente que esperava que a abolição e a substituição do Obamacare ocorressem simultaneamente, embora os republicanos ainda não tenham divulgado sua alternativa ao programa de saúde imposto por Obama.
Imigração
Durante a campanha, Trump disse que ordenaria a deportação de migrantes que tenham tido ou possuam condenações criminais e que vivam ilegalmente no país.
"No primeiro dia, em minha primeira hora no cargo, estas pessoas irão embora", declarou aos seus simpatizantes em agosto no Arizona.
Leopold adverte que pensar que este processo não está em andamento é uma falácia: a administração Obama já fez da deportação de criminosos uma de suas prioridades.
Além disso, o presidente "não tem o poder de ordenar a deportação de ninguém", disse Leopold.
Para seu primeiro dia de mandato, Trump também prometeu introduzir a legislação necessária para financiar a construção de "um grande muro" na fronteira com o México.
Outra opção levantada é desfazer um programa aprovado por Obama em 2012, DACA, que permitia que 700.000 imigrantes irregulares que chegaram crianças aos Estados Unidos pudessem viver e trabalhar sem o medo de ser deportados.
"Trump poderia reverter esta norma com apenas uma assinatura", advertiu Leopold.
Meio Ambiente e energia
O vice-presidente eleito, Mike Pence, advertiu que Trump "colocará fim à guerra contra o carvão desde o Dia 1" de sua presidência.
O magnata prometeu descartar as moratórias de arrendamento e abrir territórios federais para a perfuração e a mineração, além de permitir o acesso às principais veias de petróleo, gás natural, carvão e urânio.
Nos planos para seu primeiro dia também entra a aprovação do oleoduto Keystone XL, que unirá uma região do Canadá com os Estados Unidos, um projeto bloqueado pela administração Obama.
E prometeu cancelar imediatamente "bilhões em pagamentos aos programas sobre mudança climática da ONU" e usar este dinheiro para melhorar a infraestrutura ambiental.
Comércio e governo
Desafiando a longa tradição de apoio ao livre comércio de seu próprio partido, Trump disse que em seu primeiro dia no Salão Oval anunciará a retirada e a renegociação de dois importantes pactos comerciais: o Acordo Transpacífico (TPP) (entre 12 países e que ainda não entrou em vigor) e o Acordo Norte-Americano de Livre Cércio (Nafta), com México e Canadá.
Também disse que pedirá ao seu secretário do Tesouro que classifique a China como "manipuladora de divisas", uma medida que, segundo alguns observadores, pode provocar represálias por parte da segunda economia mundial.
Por sua vez, Trump imporá a proibição de que os funcionários com cargos políticos integrem grupos de pressão ou lobby durante os cinco anos posteriores a sua saída da administração.
Por France Presse