Um grupo de generais americanos da reserva assinou uma carta contra a prática da tortura por parte dos Estados Unidos, algo que o presidente eleito, Donald Trump, já considerou restabelecer.
A carta assinada por 176 oficiais generais, que juntos reúnem "mais de 6.000 anos de experiência profissional", foi publicada nesta terça-feira pelo The New York Times, enquanto no Senado começaram as audiências dos futuros membros do governo Trump.
Durante sua campanha eleitoral, o milionário declarou que, se fosse eleito, restabeleceria a tortura e "iria além do afogamento simulado (submarino)", técnica utilizada pela CIA sob a presidência de George W. Bush.
Desde sua eleição, porém, Trump parece ter mudado de opinião, principalmente após uma reunião com o general James Mattis, renomado chefe militar e combatente no Iraque, que escolheu como ministro da Defesa.
Trump disse ter ficado "muito surpreso" quando o militar lhe explicou que "um pacote de cigarros e duas cervejas" servem mais do que o afogamento simulado para fazer os suspeitos falarem.
Na carta, datada em 6 de janeiro, publicada na íntegra pelo The New York Times, os generais afirmam que "a tortura não é necessária".
"Baseados na nossa experiência, sabemos que as técnicas de interrogatório legais (...) são as mais eficientes para obter informações confiáveis", escreveram.
"A tortura é contraproducente porque debilita nossa segurança nacional, aumentando os riscos para nossas tropas, complicando a cooperação com nossos aliados, e afastando-nos das populações cujo apoio necessitamos", acrescentaram.
As audições no Senado para confirmar os nomes dos três principais membros do gabinete de Donald Trump - o ministro da Justiça, o chefe da CIA e o ministro da Defesa - começaram nesta terça-feira e continuarão na quarta e na quinta-feira.
O Senado tem o poder de rejeitar as indicações do presidente eleito.
A carta foi assinada por vários chefes militares que se destacaram na luta contra extremistas no Iraque e no Afeganistão, como o general Stanley McChrystal ou o almirante William McRaven.
Por France Presse