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Presidente da Rússia Vladimir Putin esnoba as sanções de Barack Obama

Rússia anuncia que não vai revidar a expulsão de diplomatas acusados de espionar as eleições americanas e ajudar Donald Trump

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Faltando menos de três semanas para suceder o democrata Barack Obama na Casa Branca, o republicano Donald Trump renovou ontem os polêmicos elogios feitos durante a campanha ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. O presidente eleito classificou como ;muito inteligente; a reação do futuro colega à expulsão de 35 enviados russos com status diplomático, acusados de envolvimento com espionagem eletrônica durante a campanha para a eleição presidencial de novembro ; em que o republicano Trump venceu a democrata (governista) Hillary Clinton. Putin desprezou a recomendação de seu ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e renunciou à retaliação segundo o princípio da reciprocidade.

;Grande jogada no adiamento (por Putin). Sempre soube que ele era muito inteligente;, escreveu Trump em sua conta no Twitter. O presidente eleito reafirmou a promessa de buscar a reaproximação com Moscou quando chegar à Casa Branca, em 20 de janeiro.

[SAIBAMAIS];Não vamos expulsar ninguém. Não vamos cair em uma diplomacia irresponsável;, declarou Putin, em comunicado no qual qualifica as novas sanções de Washington como ;provocadoras; e destinadas a ;minar ainda mais as relações russo-americanas;. O presidente russo deixou entrever, no entanto, que o futuro dos laços entre as duas maiores potências nucleares do planeta dependerá de Trump. ;A Rússia se reserva o direito de adotar represálias e vai restaurar as relações em função da política do presidente eleito (dos EUA).;

Desde que o tema veio à tona, durante a disputa eleitoral, o bilionário republicano pôs em dúvida as denúncias de que hackers, com a cobertura do Kremlin, teriam pirateado e levado a público mensagens de correio eletrônico trocadas pelo comando do Partido Democrata e pela equipe de campanha de Hillary Clinton.

Laços em risco

As medidas anunciadas por Obama na quinta-feira não se resumem à expulsão de pessoal russo com status diplomático. As sanções incluem também medidas contra o Departamento Central de Inteligência (GRU, serviço secreto militar russo) e o Serviço Federal de Segurança (FSB), a ex-KGB soviética, cujos representantes e dirigentes terão congelados fundos depositados e bens disponibilizados em território americano. Serão também fechadas instalações usadas pelos emissários russos em áreas próximas a Washington, agora mencionadas como centros de espionagem.

O Kremlin nega categoricamente as ;acusações infundadas; e acusa Washington de querer ;destruir definitivamente; os laços bilaterais. Na reação inicial às punições, o chanceler Lavrov recomendou a Putin que adotasse o princípio da reciprocidade ; o que representaria a expulsão do país de número equivalente de representantes dos EUA e o fechamento de instalações. Falando em nome do presidente, porém, o porta-voz Dmitri Peskov sugeriu que Moscou prefere examinar a evolução dos contatos após a transmissão de poder em Washington. Peskov, no entanto, deixou claro que Putin tem à disposição opções ;capazes de causar um severo incômodo; aos EUA.

Divisão

A resposta russa às represálias promete aguçar as disputas em torno de orientações de política externa em Washington, em especial no Congresso, que entra no período de analisar e ratificar ; ou não ; as indicações de Trump para os postos-chaves de seu governo. Entre as nomeações mais controversas está a de Rex Tillerson, executivo-chefe (CEO) da petroleira ExxonMobil, para chefiar o Departamento de Estado (e a diplomacia americana).

Visto como próximo à Rússia, inclusive pelos negócios fechados com a estatal energética Rosneft. Tillerson corre o risco de começar a gestão pressionado a endurecer o discurso. Importantes senadores republicanos, entre eles o ex-candidato presidencial John McCain, articulam-se para aprovar nova rodada de sanções econômicas ao governo de Moscou.

A Rússia se reserva o direito de adotar represálias e vai restaurar as relações em função da política do presidente eleito.