A oposição da Venezuela pediu nesta segunda-feira (26/12) sanções internacionais ao governo de Nicolas Maduro caso este descumpra os acordos pactuados no diálogo sobre a crise político-econômica que abala o país, ratificando que "não há condições" para a retomada de contatos em 13 de janeiro.
"Se não cumprirem os acordos, será preciso buscar a forma de que cumpram e alguns dos mecanismos são a Carta Democrática Interamericana da OEA ou o Protocolo de Ushuaia do Mercosul", disse Jesús Torrealba, secretário-executivo da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD).
Os dois instrumentos preveem sanções em casos de ruptura da ordem democrática dos países-membros da Organização de Estados Americanos (OEA) e do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Em coletiva de imprensa, Torrealba fez alusão a uma carta enviada em 1; de dezembro às partes pelo secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, no qual - segundo o porta-voz da MUD - defendeu "um calendário eleitoral", entre outros pontos.
O Vaticano e a União de Nações Sul-americanas (Unasul) - os facilitadores - propuseram um prazo até 13 de janeiro para avançar na agenda, depois que a oposição se afastou da terceira rodada de diálogos, ao acusar o governo de quebrar acordos. "Se as demandas não forem satisfeitas em 13 de janeiro, obviamente não haverá condições" de retomar o diálogo, insistiu Torrealba.
O governo rejeitou a carta da Santa Sé, considerando-a "um ultimato". Sem fazer alusão direta ao Vaticano, Maduro denunciou que um dos acompanhantes pretendia fazer as negociações implodirem.
A oposição exige a retomada do processo de referendo revogatório contra Maduro - suspenso em 20 de outubro - ou antecipar as eleições presidenciais de dezembro de 2018. Nem a OEA, nem o Mercosul intervêm no diálogo, mas Torrealba os convidou a se somar aos acompanhantes para "verificar" o cumprimento dos acordos.
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, pediu, em maio passado, a ativação da Carta Democrática na Venezuela e, em dezembro, o país rico em petróleo foi suspenso do Mercosul após ter vencido o prazo para incorporar disposições comerciais e políticas, inclusive cláusulas a respeito dos direitos humanos.