Berlim, Alemanha - As autoridades alemãs continuavam neste sábado (24/12) a investigar o atentado de Berlim, um dia após a morte de seu suposto autor, à procura de possíveis cúmplices que poderiam tê-lo ajudado a entrar na Itália, apesar da polícia em seu encalço. "O perigo terrorista continua", advertiu na sexta-feira a chanceler Angela Merkel.
"Para nós, agora, é de grande importância determinar se na preparação e execução" do ataque ao mercado de Natal "e na fuga do suspeito, houve uma rede de apoio, uma rede ajuda, cúmplices ou pessoas", ressaltou o procurador Peter Frank. Os investigadores devem, em primeiro lugar, reconstituir a rota exata do tunisiano Anis Amri de Berlim até Milão, explicou Frank.
"Como ele conseguiu chegar à Itália a partir de Berlim?", questionava neste sábado o jornal Bild, surpreso com o fato de que o tunisiano escapou mesmo com todas as forças de segurança à sua procura. De acordo com a polícia italiana, o homem passou pela França para chegar a Milão, onde foi morto na madrugada de sexta-feira por um policial durante um controle de rotina perto de uma estação de trem.
[SAIBAMAIS]Em sua mochila, os investigadores encontraram uma passagem que comprova que ele embarcou em Chambéry, no leste da França, e passou por Turim antes de chegar à noite em Milão, segundo a imprensa alemã.
Também na França, "a sub-direção anti-terrorista da polícia judiciária é questionada (...) e está conduzindo extensas verificações", segundo o diretor-geral da Polícia Nacional (NPD) francesa, Jean Marc Falcone. "Estamos tentando determinar precisamente se, durante a sua fuga, este terrorista foi capaz de transitar por nosso território", e em particular por Chambery, disse Falcone em entrevista ao jornal Dimanche.
A polícia alemã quer saber ainda se a arma utilizada em Milão é também aquela usada para matar um motorista de caminhão polonês. Foi este caminhão que Anis Amri utilizou para matar 11 pessoas e ferir outras 50 na segunda-feira à noite em um mercado de Natal na capital alemã. Alguns investigadores vão continuar trabalhando no caso durante as festas de final de ano, indicou o chefe da polícia judiciária alemã, Holger Münch.
Merkel promete mudanças
As autoridades alemãs devem agora começar a tranquilizar uma opinião pública preocupada após o ataque, que também revelou falhas significativas nas medidas de luta contra o terrorismo no país. As autoridades não conseguiram deter Anis Amri, apesar de o tunisiano ser conhecido há tempos por sua radicalização e periculosidade.
A chanceler alemã anunciou que "todos os aspectos" do caso serão examinados. "Vamos agora examinar intensamente o que precisa ser mudado no arsenal de medidas disponíveis para o Estado" alemão, acrescentou.
Trata-se de determinar como monitorar melhor os indivíduos perigosos e como expulsar rapidamente ou deter até à sua partida os migrantes que não receberam autorização para permanecer no país. Anis Amri teve seu pedido de asilo rejeitado e, portanto, em princípio, poderia ter sido deportado. O atentado extremista em Berlim e as falhas no processo são um novo golpe para Angela Merkel, faltando nove meses para as eleições parlamentares.
A direita populista anti-imigrante AfD cresceu mais de 15%, de acordo com uma pesquisa divulgada neste sábado e realizada após o ataque. Neste contexto, o presidente alemão Joachim Gauck pediu em sua mensagem de Natal transmitida neste sábado para que os alemães não cedam "ao medo". "Precisamente em tempos de ataques terroristas não devemos aumentar as divisões em nossa sociedade" ou "condenar de uma maneira geral um grupo de pessoas", disse ele, em uma alusão aos refugiados.
Por France Presse