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Autor de tiroteio em Zurique era um suíço adepto do ocultismo

Autoridades afirmam que não há ligação entre o tiroteio e os ataques em Ancara e Berlim

O autor do ataque contra uma sala de orações muçulmana em Zurique, norte da Suíça, era um suíço de 24 anos, conhecido pelos serviços policiais e adepto do ocultismo, revelou a polícia nesta terça-feira (20/12).
Falando à imprensa, os investigadores revelaram que o agressor se suicidou perto do local do crime, depois de ferir a tiros três fieis. Ele também teria matado no domingo um suíço de 24 anos que conhecia, a facadas, em um parque de Zurique.

O assassino, cuja identidade não foi revelada pela polícia, foi identificado graças a uma amostra de DNA recolhida há sete anos após um roubo de bicicleta. "Ignoramos por ora seus motivos. Foram achados em sua casa vários objetos vinculados ao ocultismo", declarou a chefe da polícia do cantão de Zurique, Christiane Lentjes Meili.

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Segundo os investigadores, nada faz supor que esses dois casos estejam ligados ao terrorismo ou à extrema-direita. Quando questionada por um jornalista turco sobre a coincidência do tiroteio com o atentado em Berlim e o assassinato do embaixador da Rússia em Ancara, Meili Lentjes respondeu que, segundo a polícia, "não há ligação entre esses ataques". Os investigadores ainda não sabem se o assassino sofria de problemas psicológicos.

Um solitário

A polícia acredita que ele vivia sozinho, mas vai continuar a sua investigação para compreender melhor a sua personalidade, principalmente em relação ao ocultismo e motivações. O homem, funcionário de uma loja, pediu demissão na sexta-feira (16/12), segundo Meili Lentjes.

Vestido de roupas escuras, cabeça coberta com um gorro de lã, ele entrou na segunda-feira (19/12) por volta das 17h30 (14h30 de Brasília) em uma sala de oração de um centro islâmico localizado na rua Eisgasse, perto da estação de trem de Zurique. Ele disparou vários tiros, ferindo três fieis, de 30, 35 e 56 anos. O agressor fugiu a pé e seu corpo foi encontrado algumas centenas de metros de distância, sob uma ponte na margem de um rio. As três vítimas foram operadas e estão fora de perigo, segundo a polícia, que forneceu nenhuma informação sobre sua identidade.

O centro islâmico é frequentado diariamente por dezenas de fiéis vindos especialmente do Magrebe, Somália e da Eritreia, de acordo com a imprensa suíça. A polícia não forneceu informações sobre a arma usada pelo atirador.

No entanto, os investigadores salienteram que ele tinha licença válida para portar tal arma. Na Suíça, os homens que tenham concluído o serviço militar podem guardar suas armas em casa, como reservistas, um direito que às vezes gera polêmica na imprensa, especialmente quando usadas em tragédias familiares e outros casos.

Precedentes

Em um comunicado, o Conselho Central Islâmico, uma das principais organizações muçulmanas suíças, cujo presidente Nicolas Blancho foi colocado sob investigação por propaganda jihadista, pediu aos políticos e meios de comunicação para "levar a sério o sentimento de islamofobia". Ele pediu às autoridades que fundos públicos sejam utilizados para a proteção dos centros de culto islâmicos na Suíça.

Esta não é a primeira vez que os centros islâmicos são o alvo de ataques na Suíça. Em 2004, uma tragédia semelhante ocorreu em Lausanne (oeste). Um francês de origem tunisiana esfaqueou um imã libanês no momento da pregação, na qual participavam cerca de 200 pessoas. O homem foi reconhecido penalmente irresponsável por seus atos após um exame psiquiátrico. Ele foi internado.

Em 2007, um suíço de 23 anos muçulmano, considerado pelas autoridades como psicologicamente perturbado, abriu fogo nas instalações do Centro Islâmico de Crissier (perto de Lausanne), ferindo gravemente um fiel. Ele utilizou a arma e munição que o exército suíço havia lhe fornecido como um reservista.

Por France Presse