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O papa Francisco não foi capaz de dobrar as resistências do senador e ex-presidente colombiano Álvaro Uribe ao acordo de paz recém-firmado pelo atual mandatário, Juan Manuel Santos, com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O pontífice recebeu ambos no Vaticano - primeiro separadamente, depois juntos -, no esforço de contribuir para o fim de mais de meio século de conflito, mas esbarrou na oposição de Uribe a vários termos do tratado. "Não podem nos impor tudo isso, Santidade", comentou o ex-presidente, que por oito anos adotou uma política de guerra total à guerrilha.
Em nota oficial, a Santa Sé relatou que o papa "falou da ;cultura do encontro; e assinalou a importância de um diálogo sincero entre todos os atores da sociedade colombiana, neste momento histórico". Santos, que visitou o pontífice como parte de uma turnê pela Europa, depois de ter recebido o Prêmio Nobel da Paz, agradeceu "os esforços e gestos do pontífice para apoiar o processo de paz" O encontro tripartite, na biblioteca do Palácio Apostólico, foi iniciativa de Francisco, que aproveitou a presença do presidente colombiano para convidar também o senador e líder da oposição ao acordo de paz.
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Santos, que se encontrou depois com o presidente italiano, Sergio Mattarella, e com o recém-empossado primeiro-ministro Paolo Gentilone, presenteou o papa com a caneta que usou para assinar o acordo definitivo com o líder das Farc, Timoleón Jiménez, em 24 de novembro. Falando à imprensa, em Roma, o presidente colombiano reiterou a disposição para seguir negociando com os adversários, mas insistiu na necessidade de colocar em prática os termos acertados no tempo estabelecido, para assegurar o desarmamento completo da guerrilha e a reinserção dos combatentes na vida civil.
"Disse ao ex-presidente Uribe que estamos sempre dispostos, como manifestamos em ocasiões anteriores, a continuar dialogando. Podemos entrar em acordo sobre coisas importantes para o país" afirmou Santos. O chefe de Estado e as Farc chegaram a reformular um primeiro texto, rejeitado em plebiscito, no início de outubro " por margem inferior a 50 mil votos (0,5% do total). A nova redação, porém, não satisfez a Uribe e seu grupo político.
Santos receberá hoje em Assis, a cidade de São Francisco, o prêmio Lâmpada da Paz, concedido pela ordem franciscana e considerado o "Nobel dos católicos". No encontro com o premiê Gentilone, ele obteve a confirmação de que a Itália contribuirá com o fundo de 95 milhões de euros criado pela União Europeia para apoiar os esforços pós-conflito na Colômbia, especialmente a limpeza das minas antipessoais. "Esperamos que dentro de cinco anos, depois de um grande esforço, teremos nosso solo completamente livre de minas", disse o visitante.