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OMC diz que não há indícios de que Trump vá tirar EUA da organização

Trump classificou a organização de "desastre" e deu a entender que os Estados Unidos poderiam abandoná-la

O diretor-geral da Organização do Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo, afirmou nesta quinta-feira (24/11) que não há indícios de que os Estados Unidos vão deixar a organização quando Donald Trump se tornar o novo presidente.

[SAIBAMAIS]"Não tenho qualquer indício de que possa acontecer isso", disse o brasileiro em declarações à imprensa. Durante sua campanha, Trump classificou a organização de "desastre" e deu a entender que os Estados Unidos poderiam abandoná-la.

Azevêdo enfatizou que é prematuro especular sobre a Presidência de Trump. "Não sei quais são as políticas comerciais. Não falei com ele", explicou. "O que temos de fazer é estar preparados para conversar" com a equipe econômica de Trump, acrescentou o brasileiro.

Ele disse, entretanto, que teve contatos com a equipe de transição do presidente eleito. "Disse a eles que estou disponível para ter uma conversa se estiverem prontos para isso", afirmou.

"Ignoro o que serão as futuras políticas comerciais da próxima administração dos Estados Unidos", explicou. Azevêdo reconheceu que muita gente nos países ocidentais considera que o comércio internacional destrói postos de trabalho, apesar de não haver provas disso. "Se o remédio só é o protecionismo, não se faz mais do que agravar o estado do paciente", garantiu.

"O comércio tem às vezes um efeito perturbador", admitiu, advertindo também contra um diagnóstico errado sobre o impacto dos intercâmbios mundiais.

Globalização e tecnologia


Baseando-se em pesquisas de la OMC, Azevêdo assegurou que de cada dez empregos suprimidos, dois podiam ser consequência da globalização, mas que os demais são produto da substituição da mão-de-obra pelas novas tecnologias.

Segundo o diretor-geral da OMC, alguns políticos usam a globalização para justificar o desemprego e as dificuldades econômicas. "Um erro que cometemos no passado, inclusive em organizações como a nossa, foi pensar que as pessoas entendiam a importância do comércio", disse.

"O comércio é um elemento [econômico] tão claramente positivo que as pessoas esquecem de explicar o porquê", completou. "É preciso voltar a defender o comércio".

Donald Trump já anunciou que retirará os Estados Unidos do Acordo Transpacífico (TPP), um ambicioso tratado comercial negociado por anos. Em uma curta mensagem por vídeo divulgada na terça-feira (22/11), o magnata americano classificou o TPP de "desastre potencial" para o país.

O TPP, promovido pelos Estados Unidos durante a presidência de Barack Obama, foi assinado em 2015 entre 12 países com acesso ao Pacífico. Depois disso, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe disse que o TPP sem a presença dos Estados Unidos "não teria sentido".

Por France Presse