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Taxa de casamentos precoces na América Latina preocupa, diz especialista

Situação se agrava nas zonas rurais e nas famílias e poucos recursos, segundo a especialista, que pediu maior visibilidade deste problema na região e mais compromissos por parte dos governos para solucioná-lo

Na América Latina e no Caribe quase 20% das adolescentes são casadas ou vivem com seu companheiro, muitas vezes de forma forçada, afirmou nesta quarta-feira (23/11), no Panamá, uma especialista da ONG Plan International, que situou o Brasil como o quarto país da região com maior registro de meninas nesta situação.
"Dezenove por cento das meninas de 15 a 19 anos, ou seja, uma em cada cinco, são casadas ou em união precoce na América Latina e no Caribe", disse à AFP Emma Puig, da Bellacasa, especialista regional de programas de igualdade de gênero e inclusão social da Plan International.

Esta situação é "preocupante" porque as meninas "são obrigadas a se casar muitas vezes com homens mais velhos que abusaram delas ou as violentaram", acrescentou Puig.

Em decorrência deste abuso, as menores engravidam e são obrigadas a se casar, razão pela qual deixam a escola e ficam expostas a sofrer maus-tratos, alertou a especialista.

Segundo esta organização, especializada em defender os direitos da infância, a Nicarágua é o país onde mais meninas se casam ou vivem com companheiros antes da maioridade (41%). O país é seguido de República Dominicana (40%), Honduras (39%), Brasil (36%), Guatemala (30%), El Salvador (25%) e México (23%).

A situação se agrava nas zonas rurais e nas famílias e poucos recursos, segundo a especialista, que pediu maior visibilidade deste problema na região e mais compromissos por parte dos governos para solucioná-lo.

As declarações de Puig foram feitas às vésperas do Dia Mundial da Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado em 25 de novembro.
Por France-Presse