Os líderes europeus, preocupados com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, se reuniram nesta sexta-feira em Berlim com o ainda presidente americano Barack Obama, que mostrou um otimismo moderado em relação a seu sucessor.
Preocupados com o futuro das relações com os Estados Unidos e seu compromisso com a Otan, Angela Merkel, Theresa May, Mariano Rajoy, Matteo Renzi e François Hollande se reuniram com Obama pela última vez antes que ele deixe o cargo em 20 de janeiro.
[SAIBAMAIS]Em sua última viagem à Europa como chefe de Estado, Obama aproveitou para dizer à chanceler alemã Angela Merkel que espera que seu sucessor, Trump, "faça frente" à Rússia em caso de necessidade e não busque a qualquer preço compromissos com Moscou.
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"O presidente eleito não vai continuar exatamente com nossa estratégia, mas eu espero que não adote um enfoque de ;Realpolitik; (política da realidade, baseada em interesses práticos)", indicou Obama.
Merkel admitiu que por enquanto não poderá fazer um acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos (TTIP), já que Trump defendeu a necessidade de um maior protecionismo nos Estados Unidos durante a campanha.
Merkel disse também esperar que as negociações possam ser retomadas em outro momento.
"O que nos une é a convicção comum de que a globalização tem que ser organizada humana e politicamente, mas não há como voltar atrás aos tempos de antes da globalização", indicou a chanceler.
O acordo de livre comércio, impulsionado por Merkel e Obama, começou a gerar cada vez mais resistência em muitos países da UE, liderados pela França, e suscitou temores de que fosse provocar uma erosão das políticas sociais, de meio ambiente e de saúde pública.
Um dia depois de defender a democracia e uma globalização socialmente mais justa em Atenas, Obama rendeu elogios a Merkel, a quem muitos consideram a nova líder dos valores democráticos mundiais após a eleição de Trump.
"Vou me ater à regra de não me intrometer na política dos demais. Tudo o que posso dizer é que a chanceler Merkel tem sido uma parceira extraordinária", afirmou, ao ser questionado se apoiaria uma nova candidatura da dirigente alemã, no poder há 11 anos.
Após a chegada de Obama ao poder, em 2008, os dois chefes de Estado estreitaram os lanços que sobreviveram ao ano de 2013, quando se soube que os Estados Unidos haviam espionado o celular da chanceler.
Muitos analistas e a imprensa veem esse encontro como uma forma de passar o bastão, levando em conta que para alguns de seus partidários, Merkel poderia se tornar a nova "líder do mundo livre".
A visita de Obama a Berlim é cheia de símbolos para ele. Foi lá que, em julho de 2008, realizou seu maior comício diante de 200.000 pessoas que o escutaram defender um futuro sem armas nucleares.
Em Berlim, Obama aproveitará para também se despedir do chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy; do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi; da primeira-ministra britânica, Theresa May; e do presidente francês, François Hollande.
Por France Presse