Jornal Correio Braziliense

Mundo

Trump será 'aliado natural' de Damasco se combater 'terrorismo', diz Assad

"Não podemos dizer nada do que ele vai fazer, mas, vamos dizer que, se ele vai lutar contra o terrorismo, é claro que vamos ser aliados", afirmou o presidente sírio

O presidente sírio, Bashar al-Assad, declarou que seu colega americano recém-eleito, Donald Trump, será "um aliado natural" se lutar contra o terrorismo - de acordo com entrevista transmitida nesta terça-feira à noite (15/11) pela emissora pública portuguesa RTP.

"Não podemos dizer nada do que ele vai fazer, mas, vamos dizer que, se ele vai lutar contra o terrorismo, é claro que vamos ser aliados, aliados naturais da mesma maneira que somos dos russos, dos iranianos e de muitos outros países que querem derrotar o terrorismo", afirmou Assad na entrevista à RTP.

No termo "terrorismo", o regime de Damasco inclui todos os grupos armados que lhe são hostis, tanto os considerados moderados, quanto os extremistas, como o grupo Estado Islâmico (EI), que controla amplas zonas da Síria.

Consultado sobre as declarações de Trump nas quais considerava que na Síria é prioritária a luta contra o EI, Assad se manteve presente.
"Obviamente, promete, mas poderá cumpri-lo? Poderá agir neste sentido? O que acontecerá com as forças que se opõem em sua administração e com a tendência dominante midiática contra ele?", perguntou-se Assad.

"É por isso que ainda temos dúvidas sobre o fato de se poderá cumprir suas promessas", advertiu.

Em entrevista publicada no sábado no Wall Street Journal, Donald Trump tinha sugerido que era preciso lutar mais contra o EI. E que se atacassem Assad, no fim das contas os Estados Unidos "acabariam lutando contra a Rússia", aliada de Damasco.

"O EI representa uma ameaça maior contra nós do que Assad", disse Trump ao The New York Times em julho.

Na entrevista, Assad insistiu em seu repúdio a qualquer ingerência dos Estados Unidos na Síria.

"Há 50 anos os Estados Unidos intervêm (em assuntos de outros países) e, de fato, só serve para criar problemas e não para resolvê-los", ressaltou.
Por France-Presse