O conservador Mariano Rajoy reconheceu que um governo de minoria lhe aguarda na Espanha. Assim, ele terá que negociar cada lei com seus adversários, ao solicitar nesta quarta-feira (26/10) a confiança do Parlamento para formar um novo executivo, o que poderá conseguir no próximo sábado.
"Qualquer lei (...) terá que ser fruto de acordo, de negociação e de entendimento", afirmou Rajoy, de 61 anos. "A cada dia teremos que construir uma maioria para a governabilidade", reconheceu em seu discurso na Câmara dos Deputados.
"Não sei quais dificuldades surgirão no caminho do futuro governo, sem dúvida não serão poucas, nem pequenas. Meu partido e eu mesmo estamos dispostos a enfrentá-las e a suportar os sacrifícios que forem necessários", afirmou.
Oferecendo um "governo aberto e de diálogo", o chefe de governo alertou que a "Espanha não admite mais demoras", após dez meses de bloqueio político que já ameaçam a economia.
O tempo pressiona ainda mais, já que na segunda-feira vence o prazo depois do qual, caso não haja um novo governo, o Parlamento deverá ser dissolvido com a convocação de novas eleições legislativas, as terceiras em um ano.
Rajoy, no poder desde 2011, acredita que será investido antes disso graças a "mudanças relevantes que melhoram a situação política", disse em referência à decisão dos socialistas de permitir um novo governo conservador.
Após meses de "Não" a Rajoy, os socialistas mudaram sua posição, em meio a uma crise interna que levou seu secretário-geral a se demitir pressionado por membros críticos que impuseram a suspensão do veto a Rajoy.
No entanto, está previsto que Rajoy fracasse em uma primeira votação, na tarde de quinta-feira depois do debate no Parlamento de 350 deputados, já que os 137 assentos de seu Partido Popular (PP, direita conservadora) mais 32 dos liberais Ciudadanos não chegam à maioria absoluta necessária.
Ele terá outra oportunidade 48 horas mais tarde, no sábado, quando lhe bastará obter mais "Sim" do que "Não".
Nesse momento, a abstenção do PSOE, segunda força no Parlamento com 85 cadeiras, lhe garantiria uma vitória. Entretanto, o PSOE já advertiu a Rajoy que viabilizar seu governo não significa proporcionar estabilidade ou apoio para aprovar os orçamentos do Estado, uma das prioridades da nova legislatura.
Com um novo governo chegariam ao fim inéditos dez meses de paralisia política na Espanha, que esteve todo esse tempo sob um governo com suas capacidades limitadas.