O presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi assinaram neste sábado (15/10) contratos milionários nos âmbitos energia e defesa, em um contexto de estreitamento das relações bilaterais.
Putin se reuniu com Modi, que o classificou de "velho amigo", após sua chegada ao turístico estado indiano de Goa, que receberá neste final de semana uma cúpula do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Entre os cerca de vinte acordos firmados está a venda do mais recente sistema de defesa antiaérea russo para a Índia.
A Índia, maior importadora mundial em matéria de defesa, moderniza seu aparato militar -que data da época soviética- por um custo estimado de 100 bilhões de dólares, em especial para proteger suas fronteiras com o Paquistão, seu inimigo histórico, e com a China, apesar de manter agora com o gigante asiático relações de maior confiança.
Não se informou qual tipo de sistema de defesa aérea se vendeu à Índia, mas a imprensa russa afirma que se trata do sistema de mísseis antiaéreos S-400, o mais moderno da Rússia. O S-400 foi usado recentemente na Síria, onde a Rússia implementa uma campanha aérea de apoio ao regime do presidente sírio Bashar al Assad, seu aliado.
Durante a Guerra Fria, a Índia era o aliado militar mais próximo da União Soviética e um dos maiores importadores de seu material militar. Mas nos últimos anos, Nova Deli se voltou para os Estados Unidos para adquirir seu material militar, assim como para a França.
A Rússia, por sua vez, tenta tirar sua economia da recessão, ainda mais prejudicada pelas sanções europeias devido à crise ucraniana e à queda dos preços de hidrocarbonetos. Por isso, espera muito dos contratos com a Índia.
Acordos em energia
Modi e Putin assinaram também acordos energéticos, para enfrentar crescentes necessidades da economia indiana de combustíveis e eletricidade, devido a seu rápido crescimento. A maior companhia petroleira russa, Rosneft, prevê comprar a indiana Essar Oil por 13 bilhões de dólares, segundo a imprensa indiana.
Modi e Putin assinaram um acordo marco para a entrega de novos reatores a uma central no Estado de Kudankulam, no sul da Índia, que tenta limitar sua dependência em relação ao carvão. Ambos os dirigentes também falaram de "terrorismo mundial" e regional. Modi prevê reunir-se com o líder chinês Xi Jinping neste sábado à noite, antes de um jantar oferecido aos dirigentes do BRICS.
Os líderes se reunirão na sua cúpula anual em um momento em que o bloco vê seu peso reduzido por suas dificuldades econômicas. O grupo BRICS, cujos membros, juntos, somam 53% da população mundial e 16 trilhões de dólares de PIB, foi criado em 2011 para utilizar sua influência econômica e política conjunta como contrapeso a Ocidente na gestão dos assuntos do mundo.