Beirute, Líbano - O coordenador da organização síria dos "capacetes brancos" parabenizou nesta sexta-feira o presidente colombiano por ganhar o Prêmio Nobel da Paz, que muitos consideravam que poderia ser outorgado a esta rede de socorristas.
Os "capacetes brancos", oficialmente chamados de Defesa Civil, são uma organização que se declara apolítica e participa das tarefas de socorro nas áreas sírias que estão nas mãos da oposição.
Pouco depois do anúncio, um voluntário morreu quando saiu para trabalhar nos resgates após um bombardeio no sul da Síria, indicou o grupo.
"Mahmud al Muhamd morreu hoje em Dara ao se mobilizar após os bombardeios contra os civis que saíam [do local] de orações desta sexta-feira", disse o grupo no Twitter.
O coordenador da rede de voluntários, Raed Saleh, disse à AFP que o grupo esperava receber o prêmio, concedido ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, por seus esforços no momento de resolver o conflito mais longo já ocorrido no continente americano.
"Queremos parabenizar o ganhador do prêmio e esperamos que haja paz para todo o povo colombiano", disse Saleh, que está na Turquia, por telefone.
"Para nós, salvar um vida continua sendo o prêmio mais importante que podemos receber", acrescentou. "Um êxito assim nos faz mais ricos do que qualquer outro prêmio", disse.
O grupo, composto por cerca de 3.000 voluntários foi ganhando notoriedade pouco a pouco pelos vídeos que mostram os voluntários trabalhando em missões de resgate assustadoras pela dor humana e impressionantes pela valentia dos agentes.
A rede de voluntários ficou conhecida pela opinião pública mundial quando conseguiu resgatar, após 12 horas de trabalho, Mahmud, um bebê de dois meses que estava preso em Aleppo em julho de 2014.
Para Saleh, o avanço na Colômbia lhe dá otimismo.
"Dá esperança de que no futuro será a nossa vez" de ter paz na Síria, onde mais de 300.000 pessoas já morreram desde o início do conflito em 2011.
"Gostaríamos de ter ganho o prêmio, porque teria sido um grande empurrão para todos os socorristas", indicou Saleh, que acrescentou que este grupo "fica feliz" pela quantidade de apoio internacional que recebe.
Os "capacetes brancos" operam em território rebelde - afirmam ser proibidos de trabalhar em zonas sob controle do governo, apesar de reivindicarem sua neutralidade - e conseguem ser os primeiros a chegar nos locais que são bombardeados para começar a escavar, às vezes só com as mãos, em busca de sobreviventes presos sob os escombros.