Bogotá, Colômbia - A decisão de renegociar o acordo para terminar com meio século de conflito armado na Colômbia depende das Farc - disse nesta terça-feira (4/10) a chanceler María Ángela Holguín, dois dias depois de o pacto com essa guerrilha marxista ter sido rejeitado em um plebiscito.
[SAIBAMAIS]"A decisão de abrir, ou não, os acordos é mais uma decisão das Farc", afirmou em coletiva de imprensa Holguín, membro da delegação que negociou em Cuba com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) - principal e mais antiga guerrilha do país.
A ministra acrescentou que Humberto de la Calle, chefe negociador do governo, e o alto comissário da Paz, Sergio Jaramillo, estão em Havana reunidos com os delegados das Farc para avaliar sua disposição de revisar o que foi acordado.
"O acordo foi encerrado e assinado em 26 de setembro. Assim, a decisão não é do governo", enfatizou em coletiva de imprensa, assinalando que existe "toda a disposição" para ouvir as razões dos que votaram pelo "Não".
Designada na segunda-feira (3/10) pelo presidente Juan Manuel Santos para dialogar com os opositores ao pacto, Holguín disse que "não deve passar muito tempo" para os que rejeitaram o acordo, liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe, "listarem o que querem revisar".
"Aqui a paz está em jogo, o término de um conflito de 52 anos", insistiu.
A ministra disse esperar que a reunião com os porta-vozes do Centro Democrático, partido de direita liderado por Uribe, aconteça o mais rápido possível.
Sobre como a comunidade internacional recebeu a rejeição ao acordo, após o apoio dado aos diálogos de quase quatro anos, Holguín assinalou: "bastante aterrorizada".
"Todas as ligações que recebi foram de decepção e de que não entendem como um país não opta pela paz. Mas, ao mesmo tempo, ouvi muitos apoiadores e muitos dizendo ;espero que as forças políticas tenham maturidade para ver rapidamente como se pode retomar o caminho do fim do conflito;", assinalou.
A respeito dos recursos que muitos países tinham prometido à Colômbia para implementar o acordo, a ministra disse: "Tudo fica congelado. Os países vão esperar para ver o que acontecerá para contribuir".