Mais de 5.600 migrantes que tentavam entrar na Europa cruzando o Mediterrâneo foram salvos nas últimas 24 horas, informou nesta segunda-feira a Guarda Costeira da Itália.
Os socorristas resgataram 39 embarcações, entre elas cinco barcos de pesca, várias barcaças e botes infláveis, a bordo dos quais foi encontrado um cadáver, indicou um porta-voz da central operacional da Guarda Costeira.
A maioria dos migrantes zarpou da costa da Líbia em embarcações com centenas de crianças a bordo.
As operações de resgate foram realizadas no dia em que se comemora o terceiro aniversário da morte de 366 pessoas em um naufrágio perto da ilha italiana de Lampedusa, entre os mais graves ocorridos no Mediterrâneo.
Em 3 de outubro de 2013, uma barcaça que partiu do norte da África em direção ao litoral europeu afundou com ao menos 518 migrantes procedentes da Somália e Eritreia, e deixou 366 mortos, 155 sobreviventes e um número não determinado de desaparecidos.
"Há três anos era uma tragédia italiana, hoje é uma operação europeia", declarou o ministro do Interior, Angelino Alfano, durante uma cerimônia na ilha siciliana, emblema do drama da migração.
As primeiras embarcações resgatadas nesta segunda foram vistas antes do amanhecer, entre elas um barco de pesca com 700 pessoas a bordo, e inúmeras crianças.
Além da Guarda Costeira, barcos das organizações humanitárias como Médicos Sem Fronteiras (MSF), SOS Mediterrâneo, Save the Children e Proactiva Open Arms participam nas operações de resgate com o apoio de navios militares.
O MSF contou por Twitter que em uma das lanchas várias pessoas estavam quase se afogando e muitos sofreram queimaduras devido ao combustível.
Duas mulheres e uma criança de oito anos estão em estado grave pelas queimaduras e deverão ser transportados rapidamente.
A intensa operação em pleno mar acontece depois de várias semanas de relativa calma.
A tragédia de Lampedusa, as imagens dos caixões alinhados e a dor pelos desaparecidos no Mediterrâneo levaram a Itália a lançar a operação "Mare Nostrum" de socorro marítimo, que foi substituída por um dispositivo europeu que conta também com uma flotilha de barcos de organizações humanitárias.
Graças a esses esforços centenas de milhares de pessoas já foram resgatadas desde então, ainda que não tenham conseguido evitar a morte de 11.000 migrantes no mar Mediterrâneo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Em março de 2015, a Itália aprovou uma lei que fixa o dia 3 de outubro como o "Dia nacional da memória e da hospitalidade", em homenagem a todos os migrantes que morreram.
Em Lampedusa, 200 jovens de diversos países europeus marcharam junto a sobreviventes dos naufrágios e familiares para homenagear as vítimas.
Desde a tragédia de Lampedusa, a Itália já recebeu 467.000 migrantes, segundo cálculos do Acnur.