Baku, Azerbaijão - O papa Francisco chegou neste domingo (2/10) ao Azerbaijão, no dia seguinte de uma visita à Geórgia, na última etapa de sua viagem pelo Cáucaso, onde defendeu a paz e a reconciliação com a pequena comunidade católica do país. Pouco depois de chegar a Baku, procedente de Tbilisi, o papa presidiu uma missa na igreja da Imaculada Conceição, onde fica o centro salesiano, única comunidade católica do Azerbaijão.
Os católicos deste pequeno país de população majoritariamente muçulmana, às margens do Mar Cáspio, seriam apenas 570, de acordo com o Vaticano, incluindo 200 azerbaijanos, e sua única paróquia tem sete padres.
Praticamente toda a comunidade católica do país estava presente neste domingo, dentro e fora da igreja, para acompanhar a missa. "Sois um pequeno rebanho precioso aos olhos de Deus", disse o pontífice durante a homilia. "A igreja inteira, que sente por vós uma simpatia especial, os observa e os estimula", completou.
Não é a primeira vez que o papa visita países onde os católicos são minoria, arriscando uma recepção fria. Na sexta-feira e no sábado, ele visitou a Geórgia, onde os católicos representam 2,5% da população, segundo o Vaticano. Em Tbilisi, 75% do estádio em que Francisco oficiou a missa estava vazio. "Poderia se pensar que o papa perde tempo" visitando essas comunidades, disse ele, ao encerrar a missa. "Asseguro que não", declarou, entre aplausos.
O papa Francisco também visitou a Albânia, em 2014, e a Bósnia-Hezergovina, em 2015, onde há apenas alguns poucos católicos. Preocupado com as "comunidades periféricas", como as chamou neste domingo, o pontífice destacou em cada ocasião a necessária convivência entre as culturas e as religiões.
Em Baku, onde foi recebido pelo presidente Ilham Aliev, elogiou em um discurso o caminho da tolerância tomado, segundo ele, por esse país petroleiro desde sua independência, há 25 anos.
;Colaboração mútua e respeito;
O Azerbaijão - destacou o papa - é uma "sociedade que reconhece os benefícios do multiculturalismo e da complementaridade necessária das culturas", onde as diferentes religiões "instauram relações de colaboração mútua e de respeito". "Desejo vivamente que o Azerbaijão siga no caminho da colaboração entre as diversas culturas e confissões religiosas", acrescentou o sumo pontífice em um discurso pronunciado no Centro Heydar Aliev, uma imponente obra da arquiteta Zaha Hadid, recentemente falecida.
Em Baku, última etapa de sua curta viagem ao Cáucaso, três meses depois de ter visitado a Armênia, o papa pediu aos Estados da região, frequentemente em confronto entre si, que abram "caminhos originais que conduzam a acordos duradouros e à paz".
Há décadas, a Armênia disputa com o Azerbaijão a região separatista de Nagorno-Karabakh, povoada por uma maioria de armênios e palco de intensos combates em abril. Além disso, Francisco expressou o desejo de que essa região se transforme em "uma porta aberta para a paz e um exemplo a seguir para resolver velhos e novos conflitos".
À margem de sua visita, o papa Francisco aceitou reduzir o prazo para a beatificação do sacerdote Jacques Hamel - de 85 anos de idade, degolado por extremistas há dois meses em uma igreja da França -, informaram fontes do Vaticano. Geralmente, um processo de beatificação não pode ser aberto até cinco anos depois da morte do futuro beato.