Charlotte - A candidata presidencial democrata, Hillary Clinton, denunciou o racismo, neste domingo (2/10), e pediu calma em uma igreja da comunidade negra de Charlotte, grande cidade da Carolina do Norte, agitada por manifestações e distúrbios após a morte pela polícia de um cidadão afro-americano.
"Sou avó e, como todas as avós, estou preocupada com a segurança dos meus netos", declarou a candidata democrata à Casa Branca. "Mas minhas preocupações não são as mesmas que as das avós negras", reconheceu. "Por serem brancos e netos de um ex-presidente e de uma ex-secretária de Estado, meus netos, temos que ser francos, não experimentarão o mesmo medo que descreveram as crianças que deram seu depoimento diante do conselho municipal", acrescentou, referindo-se às declarações de Zianna Oliphant, de 9 anos.
[SAIBAMAIS]
Esta semana, a pequena Zianna disse aos políticos locais que tinha a impressão de ser tratada diferente pelo fato de ser negra. Hillary Clinton voltou a se referir à morte de Keith Lamont Scott, de 43 anos, abatido em 20 de setembro em Charlotte, em circunstâncias confusas, quando saía de um veículo e estava cercado de policiais. A Polícia disse que encontrou no local uma pistola carregada.
Durante três noites, declarou-se toque de recolher, devido às violentas manifestações. Inicialmente prevista para o domingo anterior, a visita de Hillary foi adiada a pedido da prefeita de Charlotte. "Há 12 dias mataram Scott", afirmou Hillary Clinton. "Ainda não conhecemos todos os detalhes do incidente, mas sabemos que essa comunidade e esta família continuam sofrendo", frisou.
A democrata legitimou em reiteradas oportunidades durante a campanha a reprovação da comunidade negra sobre a Polícia, acusada de brutalidade e violência desproporcional para com os membros dessa minoria. Ao contrário, e apesar de sua campanha de sedução com eleitores negros, Donald Trump insiste em sua mensagem de ordem e presta, sistematicamente, homenagem às forças de segurança. "Sem que suponha desprezar os policiais, reconhecemos que existe uma discriminação implícita", acrescentou Hillary Clinton em sua intervenção.