Washington, Estados Unidos - A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) declarou nesta terça-feira (27/9) que a região da América é uma zona livre de sarampo endêmico, a primeira em todo o mundo, ao final de uma batalha que se estendeu durante 22 anos.
[SAIBAMAIS]"Esta data marca um momento histórico. Adeus ao sarampo na região americana", comemorou Carissa Etienne, presidente da Opas em uma cerimônia realizada na sede da entidade em Washington.
Trata-se, disse Etienne, de "uma das doenças mais infecciosas conhecidas na humanidade e uma das principais mortais entre as doenças que são prevenidas com vacinas".
Há 25 anos, recordou a especialista, o sarampo "matava mais de meio milhão de crianças por ano, mundialmente. Por isso, é verdadeiramente um momento histórico".
A decisão da região de inciar os esforços para erradicar o sarampo data de 1994, recordou Etienne. "É uma façanha notável que não teria sido possível sem o compromisso dos países da região".
Margaret Chan, diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), parabenizou os países da região pelo esforço que permitiu a erradicação da doença.
"A transmissão endêmica do sarampo foi eliminada da região", disse diante do Conselho Diretor da Opas.
As próximas metas
Merceline Dahl-Regis, presidente do Comitê Internacional de Especialistas que fez a verificação do processo, relatou que desde 2007 os especialistas compilavam dados sobre os resultados do esforço continental.
"Em 2007 começou o processo de documentação da eliminação do sarampo, da rubéola e da rubéola congênita. Agora temos que nos concentrar na eliminação mundial do sarampo", expressou Dahl-Regis.
Com relação ao futuro, os especialistas da Opas concordaram em assinalar que a prioridade é manter as estruturas de atenção à saúde para impedir que doenças erradicadas voltem a aparecer na população.
O subdiretor da Opas, Francisco Becerra, expressou sua esperança de que a região possa se ver livre do tétano neonatal em um curto prazo.
"Temos que verificar a situação no Haiti, e é possível que no final deste ano possamos considerar que a região erradicou o tétano neonatal", disse o especialista mexicano.
Em um prazo maior, acrescentou, os países da região estão fazendo um enorme esforço coletivo para erradicar a hepatite tipo B, e esperam ver resultados positivos nos próximos anos.
Esforço de duas décadas
O último caso de sarampo endêmico na América Latina foi notificado em 2002, ainda que nos anos seguintes tenham sido verificados casos importados, como ocorreu na Califórnia em 2015.
Trata-se da quinta doença que pode ser prevenida com vacina a ser eliminada da América, sendo que a última foi a rubéola congênita, em 2015. Antes, haviam erradicado a varíola (1971), a polio (1994) e a rubéola endêmica (também em 2015).
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, especialmente entre as crianças, que dá irritações na pele. Algumas complicações podem resultar em casos fatais de infecções pulmonares e graves problemas cerebrais.
A vacina contra o sarampo está disponível desde 1963, mas diversas regiões do mundo não conseguiram até agora obter sucesso na erradicação.
De acordo com a Opas, entre 1971 e 1979 cerca de 101.800 pessoas morreram na América por causa do sarampo.
Um estudo sobre a efetividade da eliminação do sarampo na América Latina e no Caribe considerou que, com a vacinação, 3,2 milhões de casos de sarampo e 16.000 mortes terão sido prevenidos na região entre 2000 e 2020.