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Paramilitarismo, reinserção e presos políticos preocupam Farc na Colômbia

As bases também se questionam sobre o compromisso do governo de Juan Manuel Santos para honrar o negociado após quatro anos de diálogos em Cuba

El Diamante, Colômbia - O paramilitarismo, a reinserção social de seus membros e o futuro dos presos políticos preocupam a guerrilha das Farc da Colômbia, que debate em uma conferência nacional o acordo de paz alcançado com o governo, disse nesta segunda-feira (19/9) um comandante do grupo insurgente.

[SAIBAMAIS]As bases também se questionam sobre o compromisso do governo de Juan Manuel Santos para honrar o negociado após quatro anos de diálogos em Cuba, segundo Pablo Catatumbo, integrante da cúpula das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).



"Foram apresentadas algumas inquietudes. As pessoas indagam, por exemplo, ;o que vai acontecer com o paramilitarismo? O governo vai cumprir (o acordo)? Como será a nossa reintegração à vida econômica do país? Também surgem inquietudes sobre se ps presos vão sair".

Catatumbo ressaltou a incerteza gerada na fileiras das Farc pelas milícias irregulares de direita, formadas nos anos 1980 para combater as guerrilhas marxistas de raízes campesinas surgidas duas décadas antes.

"Se repete muito a preocupação do fenômeno do paramilitarismo. Recebemos saudações e comunicações de organizações sociais de distintas regiões do país, que demonstraram também suas inquietudes e quase todas se dirigem nesse sentido", acrescentou dirigente.

Delegados das Farc procedentes de toda a Colômbia estão reunidos até sexta-feira em El Diamante no Caguán, bastião da guerrilha no sudeste colombiano, para pronunciar-se sobre o pactado para pôr fim a um conflito com oito milhões de vítimas, incluídos 260.000 mortos, em combates entre guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado.

"Em geral, em todas as intervenções se nota um apoio unânime ao acordo firmado em Havana, a seu comandante-chefe (Timoleón Jiménez), ao Estado Maior das Farc e a delegação de paz" nas negociações que transcorreram em Cuba desde 2012, apontou Catatumbo.

Segundo ele, "foram ouvidas também algumas observações críticas frente a algumas disposições", em particular sobre os integrantes de uma frente que opera no centro-este do país, que meses atrás comunicou sua intenção de não acatar o acordo de paz.

A cúpula das Farc ressaltou que quem não acolher o acordo de paz ficaria "de fora" da organização e não poderão "usar seu nome, armas e bens", deixando claro que não vão admitir "dissidências".

Nesta segunda-feira está previsto a continuidade das intervenções das distintas unidades guerrilheiras de olho na votação sobre o acordo de paz, que será ao final da conferência, disse Catatumbo, precisando que a decisão será tomada "por maioria".

Cerca de 350 delegados dos sete blocos das Farc em toda a Colômbia, entre eles representantes dos "presos políticos", que obtiveram do governo uma permissão especial para assisitir, assim como dos anistiados no marco do processo de paz, assistem as deliberações.