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Rússia faz eleição parlamentar na qual Putin deve manter o controle do país

Estão em jogo as 450 vagas para a Câmara dos Deputados

Os russos vão às urnas neste domingo para eleger um novo Parlamento, uma disputa que o Kremlin havia dito que seria justa e competitiva. A votação não deve, porém, representar um teste para o domínio do presidente Vladimir Putin. Estão em jogo as 450 vagas para a Câmara dos Deputados do país, a Duma. Quatorze partidos participam da disputa nacional, o dobro do número da disputa anterior, realizada há cinco anos.

Em mensagem televisionada antes da votação, Putin disse que os candidatos têm "condições iguais de justiça e competição aberta" Observadores avaliam, porém, que as eleições devem manter o status quo.

A disputa parlamentar de 2011 foi maculada por alegações de fraudes generalizadas e dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de Moscou, no maior desafio popular ao domínio de 16 anos de Putin sobre a política russa. Os protestos, porém, não enfraqueceram o controle do presidente sobre o poder e no fim das contas deixaram a oposição mais dividida e marginalizada que antes.

Em dois anos, Putin poderá buscar a reeleição. A disputa deste domingo também é vista como um teste da popularidade do presidente e do partido governista Rússia Unida, liderado pelo primeiro-ministro Dmitry Medvedev. Autoridades convidaram centenas de monitores independentes internacionais para acompanhar o voto e nomearam a ex-comissária para direitos humanos Ella Pamfilova para monitorar o processo. Pamfilova disse que se afastaria da Comissão Eleitoral Central caso o voto fosse percebido como um fracasso. "As pessoas tomarão as ruas se não acreditarem no resultado", disse ela em entrevista coletiva na quinta-feira.

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[SAIBAMAIS]Putin realizou manobras antes do voto que segundo observadores foram tomadas para manter a ordem atual. Ele introduziu uma força paramilitar para evitar manifestações e adiantou o voto para dezembro, o que para analistas poderia beneficiar os governistas.

A votação também ocorre na Crimeia, anexada pela Rússia da Ucrânia em março de 2014. Observadores internacionais, contudo, não acompanham o voto nessa área - muitos países, entre eles os Estados Unidos e membros da União Europeia, recusam-se a reconhecer a península como parte da Rússia.

Sob o impacto de sanções internacionais e da forte queda do petróleo, item crucial de sua pauta de exportações, a Rússia enfrenta uma recessão. O apoio para o Rússia Unida caiu dramaticamente nos últimos 18 meses, de 60% para cerca de 40%, segundo a Fundação Opinião Pública da Rússia. Na área de Moscou, o apoio ao partido governista recuou para 27%. O Rússia Unida tem maioria absoluta no Parlamento.

Já havia acusações de violações eleitorais neste domingo. "Informações sobre violações têm chegado constantemente de várias regiões", disse Ilya Shablinsky, coordenador dos observadores para o Conselho dos Direitos Humanos presidencial, segundo a agência Interfax. Entre as violações potenciais citadas estavam longas filas de soldados que votariam em seções nas quais não estavam inscritos e locais onde só se podia votar sobre mesas, não em cabines protegidas com cortinas.

Um vídeo colocado no Youtube aparentemente mostrava um funcionário de uma seção eleitoral na região de Rostov, sul do país, colocando várias folhas de papel dentro de uma urna.

Na manhã deste domingo, a comissão eleitoral russa disse que os resultados do voto na região da Sibéria podem ser anulados, caso se confirmem alegações de fraude. Um candidato do partido liberal Yabloko, na região de Altai, na Sibéria, disse à agência estatal Tass que jovens votavam no lugar de pessoas mais velhas que provavelmente não compareceriam. A chefe da comissão eleitoral confirmou que houve reclamações de várias regiões do país.

Em Moscou, um homem que disse ter uma bomba ameaçou explodi-la em uma seção eleitoral. O prefeito Sergei Sobyanin disse no Twitter que o suspeito foi preso e agências de notícias russas disseram que nenhuma bomba foi encontrada.