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Barroso acusa UE de medidas 'discriminatórias' por emprego no Goldman Sachs

"Essas ações não só são discriminatórias como também parecem incompatíveis com as decisões tomadas no que concerne a outros ex-membros da Comissão", escreveu Barroso

Bruxelas, Bélgica - O ex-presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Barroso, denunciou nesta terça-feira (13/9) o que chama de medidas "discriminatórias" contra ele, depois que Bruxelas pediu "esclarecimentos" sobre sua contratação pelo banco americano Goldman Sachs.

"Essas ações não só são discriminatórias como também parecem incompatíveis com as decisões tomadas no que concerne a outros ex-membros da Comissão", escreveu Barroso em uma dura carta dirigida ao atual presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, à qual a AFP teve acesso. O anúncio em julho da contratação como presidente-executivo do ex-chefe da Comissão (2004-2014) pelo grupo americano do banco de investimento Goldman Sachs gerou polêmica na Europa. O presidente francês, François Hollande, chegou a classificá-la de "moralmente inaceitável".

[SAIBAMAIS]Após o pedido da defensora do povo europeu, Emily O;Reilly, o presidente do executivo comunitário decidiu investigar a nomeação e pediu a Barroso "esclarecimentos sobre suas novas responsabilidades", afirmando que ele será recebido a partir de agora em Bruxelas como lobista e não como ex-presidente. "Vocês sugeriram em primeiro lugar que eu seja recebido na Comissão com outro estatuto que o de ex-presidente e que pediriam a opinião do comitê de ética" sobre a contratação, lamentou Barroso em sua carta.



Embora não tenha objeções a que o comitê de ética examine o caso, o também ex-primeiro-ministro português diz que "nunca pediu uma posição privilegiada" e expressou seus temores de que se tenha tomado uma decisão em relação a ele. "Se este for o caso, eu gostaria compreender como essa decisão foi adotada, por quem e em com base em quais fundamentos", ressaltou Barroso.

A reputação do Goldman Sachs é controversa. O banco esteve amplamente envolvido na venda de produtos financeiros, incluídas as hipotecas subprime que contribuíram com o crash financeiro de 2008, e também ajudou a Grécia a maquiar sua dívida antes da crise.