Kiev, Ucrânia - As autoridades ucranianas publicaram documentos que detalham o suposto pagamento de vários milhões de dólares para o diretor de campanha de Donald Trump no período em que trabalhava para os ex-líderes pró-russos da Ucrânia. O escritório ucraniano de luta contra a corrupção revelou na quinta-feira uma conta em nome de Paul Manafort, afastado na quarta pelo candidato republicano de sua campanha, como o destinatário de pagamentos, totalizando US$ 12,7 milhões entre 2007 e 2012, sem que tenha sido confirmado se ele mexeu no dinheiro.
Na época, o consultor era conselheiro de relações públicas do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich e de seu Partido das Regiões. Yanukovych foi deposto pelo movimento pró-europeu da Praça Maidan em fevereiro de 2014. "Ressaltamos que a menção ao nome de Paul Manafort na lista não significa que ele recebeu o dinheiro, porque as assinaturas que aparecem na coluna dos receptores podem ser de outras pessoas", ressalta o escritório em um comunicado.
[SAIBAMAIS]O deputado ucraniano Sergui; Lechtchenko acusou nesta sexta-feira Manafort de ter continuado defendendo os interesses dos ex-responsáveis pró-russos mesmo após a chegada dos pró-ocidentais ao poder em Kiev. "O último contato de Paul Manafort com o que naquela época era o Bloco de Oposição (atual partido pró-russo) continuou até outubro de 2015", declarou Lechtchenko, membro do grupo político de apoio ao presidente pró-ocidental Petro Poroshenko.
"Manafort veio à Ucrânia várias vezes no ano passado. A última vez que isso aconteceu foi em outubro de 2015", acrescentou. De acordo com o deputado, o diretor de campanha de Donald Trump foi assessor do Bloco de Oposição durante a campanha para as eleições parlamentares de outubro de 2014, nas quais o partido recebeu menos de 10% dos votos.
Paul Manafort, de 67 anos, foi afastado na quarta-feira por Donald Trump, por ocasião de uma grande mudança no organograma de sua campanha, mas ainda faz parte da equipe no papel. Ele disse que nunca recebeu dinheiro ilegalmente por seu trabalho na Ucrânia e na segunda-feira denunciou as acusações "infundadas e estúpidas". Ele ressaltou ainda que nunca trabalhou para os governos russo e ucraniano.
O deputado Sergui; Lechtchenko também acusou a estrela americana do audiovisual Larry King, que trabalhou durante muito tempo para a CNN antes de lançar um programa sob os auspícios do canal russo pró-Kremlin RT, de ter recebido pagamentos secretos do Partido das Regiões. "Larry King foi uma das pessoas que recebeu dinheiro das contas secretas do Partido das Regiões", disse Lechtchenko.
O jornal ucraniano Ukrainska Pravda afirma, por sua vez, que King recebeu 225.000 dólares para fazer uma entrevista em 2012 com o primeiro-ministro ucraniano na época, Mykola Azarov. Larry King não estava imediatamente disponível para responder a tais informações.