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Kuwait - O governo iemenita aceitou neste domingo (31/7) uma proposta da ONU para colocar fim ao conflito que começou há 16 meses, enquanto os rebeldes xiitas mantêm uma postura desafiadora com grandes ataques contra a Arábia Saudita. A proposta satisfaz de maneira geral as demandas do governo, apoiado pela Arábia Saudita, e retoma vários pontos da resolução 2216 do Conselho de Segurança. Desde março de 2015 o conflito no Iêmen deixou ao menos 6.400 mortos e 2,8 milhões de pessoas deslocadas, segundo dados das Nações Unidas.
Trata-se da retirada em 45 dias dos rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã, das zonas ocupadas desde 2014, entre elas a capital, Sanaa. O acordo também contempla a restituição das armas pesadas roubadas do exército, o levantamento dos cercos das cidades e a libertação de todos os prisioneiros.
O anúncio do governo foi feito após uma reunião na capital do Kuwait liderada pelo presidente do Iêmen, Abd Rabbo Mansur Hadi. Segundo meios de comunicação políticos iemenitas, o governo aceitou a proposta pressionado por seu aliado saudita, que busca bloquear os rebeldes xiitas e demonstrar, assim, que eles não querem a paz.
No sábado, as autoridades iemenitas estiveram prestes a abandonar as negociações, que começaram em abril sem chegar a nenhum resultado até agora, mas por fim se resignaram a prolongá-las por mais uma semana. "A reunião aprovou o projeto de acordo apresentado pelas Nações Unidas e que pede o fim do conflito armado, assim como a retirada (dos rebeldes) de Sanaa (...) e das cidades de Taez e Hodeida", indica um comunicado publicado após a reunião.
[SAIBAMAIS]No entanto, o governo coloca como pré-condição que os rebeldes huthis e as forças leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh assinem o acordo até 7 de agosto. Mas os insurgentes não reagiram a este último plano de paz. Pouco antes do anúncio do governo, o porta-voz dos huthis, Mohamed Abdelsalam, havia dito no Twitter que os rebeldes exigiam uma solução completa para que os dois lados compartilhem o poder.
Saleh na linha de frente
Ao mesmo tempo em que a ONU elaborava esta nova proposta de paz, os rebeldes xiitas realizaram no sábado uma grande incursão no sul da Arábia Saudita, confrontos que provocaram a morte de sete soldados sauditas. A força aérea saudita atuou, deixando "dezenas de mortos" nas fileiras dos rebeldes e seus aliados, segundo um comunicado da coalizão árabe liderada por Riad no Iêmen.
Durante a noite, o ex-presidente Saleh reuniu em Sanaa membros de seu partido, o Congresso Popular Geral (CPG), para denunciar novamente a legitimidade de Hadi, exilado em Riad, mas considerado o chefe de Estado do Iêmen pela comunidade internacional. "O acordo estratégico (com os huthis) para estabelecer o Conselho Superior serve para preencher o vácuo político após o fim da legitimidade de Hadi e sua fuga do país", declarou. "Este Conselho governará o país como instância presidencial de acordo com a Constituição e as leis em vigor", insistiu.
Mas a abolição deste acordo é um dos pontos da última proposta de paz da ONU, assim como a supressão de todas as decisões tomadas pelos rebeldes desde sua ocupação de Sanaa, segundo o chefe da delegação governamental nas negociações do Kuwait e chefe da diplomacia, Abdelmalek al Mikhlafi.