Alemanha - A polícia alemã prevê que milhares de partidários de Recep Tayyip Erdogan protestem neste domingo (31/7) na Alemanha, onde as tensões se multiplicam no seio da importante diáspora turca depois do golpe de Estado frustrado e dos expurgos em massa na Turquia.
Duas semanas depois da tentativa de golpe, o presidente turco quis reforçar ainda mais seu poder ao anunciar no sábado querer controlar diretamente os serviços de inteligência e os chefes do Estado-Maior do exército.
Para que esta reforma seja adotada, o governo islamita-conservador do AKP deverá conquistar uma maioria de dois terços no Parlamento, e precisará do apoio de certos partidos da oposição.
Leia mais notícias em Mundo
As tensões na Turquia estão cada vez mais presentes na Alemanha, onde vive a maior diáspora turca no mundo, com 1,55 milhão de pessoas. Se forem incluídos os alemães de origem turca este número chega a três milhões.
Neste domingo em Colônia (oeste) está prevista uma manifestação de partidários do presidente Erdogan às 15h00 locais (10h00 de Brasília). A polícia local espera até 30.000 participantes e mobilizou 2.700 homens para evitar incidentes.
Paralelamente, foram organizadas várias contra-manifestações, algumas delas convocadas por movimentos alemães de esquerda. Um grupo local da ultradireita islamofóbica também se manifestará.
Discurso de Erdogan ao vivo é proibido
A manifestação em apoio ao chefe de Estado turco foi organizada pela União dos Democratas Europeus-Turcos (UETD), considerada um lobby do partido no poder em Ancara.
Os organizadores fizeram todo o possível para que um discurso de Erdogan fosse transmitido ao vivo, mas as autoridades alemãs, temendo confusões, se opuseram.
A Corte Constitucional alemã, máxima jurisdição do país, a quem os organizadores recorreram, confirmou no sábado esta proibição.
A polícia também rejeitou que autoridades conhecidas do governo turco, como o ministro das Relações Exteriores, participassem do ato. Por fim, será o ministro turco da Juventude e Esporte, Akif Cagatay Kilic, quem estará presente.
Antes da manifestação, o presidente Erdogan criticou as restrições alemãs e acusou o país de impedir os turcos de "se reunirem, se manifestarem".
As autoridades alemãs, começando pela chanceler Angela Merkel, expressaram preocupação diante dos possíveis incidentes.
"Importar as tensões políticas internas da Turquia para cá (...) e intimidar as pessoas que têm outras convicções políticas não é bom", declarou o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, ao jornal Süddeutsche Zeitung.
O ministro do Interior da região de Colônia, Ralf Jager, advertiu, por sua vez, que em caso de "apelos à violência" a "polícia atuará de forma rigorosa".
Às deterioradas relações entre Turquia e Alemanha, sobretudo desde que os deputados alemães reconheceram em junho o genocídio armênio, se somou neste semana a tensão depois que Ancara pediu a extradição de vários membros supostamente vinculados às redes do pregador Fethullah Gulen, acusado pelas autoridades turcas de instigar o levante.