Ao analisar o desempenho de Hillary como secretária de Estado, Trump não economizou nas palavras. "Este é o legado de Hillary Clinton: morte, destruição e fragilidade". Internamente, o panorama projetado por Trump não era muito melhor: "Um total de 180 mil imigrantes ilegais com antecedentes criminais, cuja deportação já foi determinada por nosso país, perambulam livres nesta mesma noite para ameaçar cidadãos pacíficos".
Em resposta a esta visão, Hillary disse que Trump "quer que tenhamos medo do futuro e tenhamos medo uns dos outros", acrescentando: "não temos medo. Vamos crescer ante o desafio, como sempre fizemos".
Cerrando fileiras
Mas, além de delinear uma estratégia baseada no otimismo, Clinton também conquistou durante a Convenção Nacional Democrata uma vitória dentro do partido. Vencedora de uma disputa interna apertada com o senador Sanders, Hillary conseguiu na Convenção realizada na Filadélfia unificar os democratas ao redor de sua candidatura, buscando coroar com a Casa Branca uma trajetória de quatro décadas na vida pública.
A Convenção Democrata começou à sombra de um escândalo pela divulgação de e-mails de dirigentes, caso que levou à renúncia da presidente do comitê nacional do partido, Debbie Wasserman Schultz. No primeiro dia da Convenção, a cada vez que o nome de Hillary era pronunciado a audiência se convertia em um verdadeiro festival de vaias, gritos de desaprovação e de apoio, expondo a divisão interna provocada pelo confronto com Sanders.
Neste primeiro dia, o partido colocou em evidência a vitalidade de sua militância, mas deixou dúvidas sobre sua capacidade para superar tensões e cerrar fileiras. No segundo dia, no entanto, o próprio Sanders se empenhou em erguer pontes em favor da unidade, e no momento da votação ele mesmo apresentou a moção de declarar Hillary vencedora por aclamação.
Para coroar esta realidade, o partido levou ao palco pesos pesados para apoiar a candidata, incluindo o presidente Barack Obama, o vice-presidente Joe Biden, o ex-presidente Jimmy Carter (através de um vídeo) e, obviamente, o ex-presidente Bill Clinton, marido de Hillary. Desta forma, Hillary Clinton acabou de forma definitiva com a disputa interna, unificou a direção partidária em apoio a sua candidatura e pavimentou o caminho para colocar a máquina democrata em funcionamento para as eleições de novembro.