Jornal Correio Braziliense

Mundo

Moradores de Ancara relatam tensão ao Correio

Um grupo de militares do Exército anunciou na sexta-feira (15/7) ter assumido o poder na Turquia

Em Ancara, no distrito de Cankaya, a apenas 5km do Parlamento, o pós-doutorando Emre Caliskan, contou ao Correio que escutava "explosões", por volta de 1h30 de hoje (19h30 de ontem em Brasília). "Não está claro o que está ocorrendo, mas é evidentemente uma tentativa de golpe, ainda em progresso", disse. "Erdogan ainda goza de bastante popularidade, e detém apoio de 50% da população. A Turquia está muito polarizada e não acho que a oposição apoiaria um golpe no país. O povo turco não deseja um regime militar, mas parece que isso está em andamento", acrescentou.

No mesmo bairro, o também estudante Abdullah Furkan, 24, relatou à reportagem que caças e helicópteros sobrevoavam várias vezes a capital. "As pessoas tomaram as ruas. Milhares estão caminhando e dirigindo até as principais vias da cidade. Nós escutamos pelo menos três fortes explosões na região norte, mas não sabemos do que se trata. Os imãs e muazins estão recitando o adhan (chamado à oração), nas mesquitas", afirmou. Segundo ele, "a tentativa horrível de frustrar a democracia incitou imensos protestos por toda a Turquia". "Minha família me mandou fotos de minha cidade natal, Kutahya (oeste). Milhares estão nas ruas, com bandeiras nas mãos."

Tentativa de golpe

Um grupo de militares do Exército anunciou na sexta-feira (15/7) ter assumido o poder na Turquia, provocando uma onda de violência que já deixou 17 policiais mortos e vários civis feridos na madrugada deste sábado em Ancara e Istambul. A agência oficial Anatólia informou que o Parlamento turco, em Ancara, foi bombardeado na madrugada de sábado, sem dar mais detalhes sobre o ataque, realizado por aviões.

Apesar do ataque ao Parlamento, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, afirmou que "esta iniciativa idiota fracassou" e a situação "está amplamente sob controle". As declarações do premier ao canal NTV se seguiram a um comunicado dos serviços de Inteligência turcos sobre o "retorno à normalidade".