[SAIBAMAIS]Ángela Rojas, uma advogada colombiana de 26 anos, estava tomando sol na rua junto à praia e confessava sua estranha sensação: "Ainda tenho um pouco de medo e tristeza". "Nunca imaginaríamos que aconteceria aqui; nas grandes cidades como Paris sim, mas não aqui". No bairro onde o autor do ataque vivia, no leste da cidade, vários vizinhos o descreveram como "solitário e silencioso". A polícia fez buscas em seu apartamento e deteve sua ex-mulher para interrogá-la.
Fontes policiais disseram que o veículo havia sido alugado na região há alguns dias e que dentro foram encontradas armas falsas e uma granada desativada. A mesquita de Al-Azhar, a mais alta autoridade do Islã sunita, pediu a união de "esforços para derrotar o terrorismo e limpar o mundo deste mal". Já os diplomatas do Conselho de Segurança da ONU mantiveram um minuto de silêncio nesta sexta-feira pelas vítimas do ataque antes de uma reunião convocada para discutir a situação no Iraque.
Caráter terrorista
O "caráter terrorista" do ataque é inegável, disse em um primeiro discurso televisivo em Paris Hollande. O chefe de Estado também advertiu que, apesar dos ataques, a França "reforçará sua ação na Síria e no Iraque", países onde combate os terroristas do Estado Islâmico (EI). O estado de emergência, que deveria terminar em quinze dias, foi prolongado por três meses. Este regime, decretado após os atentados de 13 de novembro, facilita as operações policiais e a prisão domiciliar de suspeitos.
Igualmente, Hollande anunciou o recurso a milhares de cidadãos reservistas para apoiar policiais e gendarmes, esgotados por meses de vigilância intensiva desde 2015. O atentado de quinta-feira é um dos mais sangrentos cometidos na Europa nos últimos anos. No dia 13 de novembro passado, vários suicidas do grupo Estado Islâmico mataram em Paris 130 pessoas, 90 delas na casa de shows Bataclan.
Antes destes atentados, a França já havia sido atingida pela violência terrorista nos ataques de janeiro de 2015 contra a revista satírica Charlie Hebdo e um supermercado kosher, que deixaram 17 mortos e que foram seguidos por vários outros ataques e tentativas.
Longe da unidade reinante entre a classe política após os atentados de janeiro de 2015, a oposição conservadora não demorou a criticar o governo socialista de Hollande, a menos de um ano para as eleições presidenciais na França. "Se todas as medidas tivessem sido tomadas, o drama não teria ocorrido", afirmou o ex-primeiro-ministro Alain Juppé. Hollande respondeu pedindo unidade e coesão, diante de um combate que se anuncia "muito longo".
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