O centro de Dallas se transformou nesta sexta-feira em uma gigantesca área de investigações de agentes, esquadrões antibombas e especialistas em balística.
Um dos suspeitos dos disparos, que estava entrincheirado em um edifício, morreu após um cerco policial, marcado por horas de tensão.
O homem afirmou que havia bombas espalhadas pelo centro de Dallas, o que levou a polícia a mobilizar o esquadrão antibombas na área e bloquear o tráfego para procurar explosivos.
Em Varsóvia, onde desembarcou nesta sexta-feira para participar de uma reunião de cúpula da Otan, o presidente Barack Obama denunciou um ataque "perverso, calculado e desprezível contra as forças de segurança".
"Não há uma justificativa possível a este tipo de ataques ou qualquer tipo de violência contra as forças de segurança", disse.
De acordo com a imprensa local, o balanço do incidente é o mais grave contra as forças policiais desde os ataques de 11 de setembro de 2001.
O chefe da polícia de Dallas, Max Geron, anunciou no Twitter que peritos realizam "amplas operações" em toda a área de Dallas. O serviço de transporte público foi desviado e restrições ao espaço aéreo foram anunciadas.
Caos total
"Havia negros, brancos, latinos, de tudo. Era o protesto de uma comunidade mista. E (os tiros) vieram do nada. Ficamos com a impressão de que atiravam na nossa direção. Foi o caos total, uma coisa de loucos", disse uma testemunha.
Uma mulher identificada como Shetamia Taylor, que compareceu ao protesto com os quatro filhos, foi ferida em uma perna durante a manifestação.
Ao final do protesto em Dallas, dois homens "começaram a atirar contra os policiais a partir de uma posição elevada", afirmou o chefe de polícia, David Brown.
Uma mulher que estava na mesma área da garagem do suspeito entrincheirado foi detida, assim como outros dois suspeitos que tinham bolsas de camuflagem em seu carro.
"Infelizmente não temos a certeza de ter detido todos os suspeitos", disse Brown.
Várias testemunhas publicaram vídeos e áudios sobre a situação, nos quais é possível observar e escutar as rajadas de tiros e as sirenes das viaturas policiais.
Ismael DeJesus conseguiu fazer um vídeo no momento em que estava escondido no Crown Plaza Hotel durante o tiroteio. As imagens mostram um homem executando um policial.
"Pareceu uma execução, para falar honestamente. Ele parou sobre ele depois que (o policial) já estava no chão. Atirou talvez três ou quatro vezes nas costas", disse.
Outros vídeos exibidos por canais de televisão mostram um homem posicionado nas escadas de um edifício e com uma arma longa, atirando contra os agentes.
Em uma área do hospital Parkland, policiais improvisaram uma homenagem aos policiais que morreram e ficaram feridos.
Este é mesmo hospital para o qual o então presidente John Kennedy foi levado depois de ser atingido pelos tiros que provocaram sua morte em Dallas em 1963.
Momento de união
O prefeito de Dallas, Mike Rawlings, fez um apelo de união depois de uma noite violenta.
"Nós, como cidade, como país, devemos agora nos unir, fechar fileiras e curar as feridas que sofremos de tempos em tempos. As palavras ficarão para mais tarde", disse.
"É uma manhã dolorosa para a cidade de Dallas", afirmou Rawlings.
Um homem identificado como Mark Hughes se apresentou voluntariamente à polícia depois que redes de TV divulgaram uma fotografia dele circulando nas proximidades da manifestação com um fuzil.
O porte de armas de forma visível é legal no estado do Texas para pessoas que possuem licença. Um advogado disse que Hughes se apresentou à polícia, mas foi liberado.
As demonstrações de indignação aumentaram ao longo da semana, primeiro com o assassinato na terça-feira de Alton Sterling, de 37 anos, atingido por tiros de policiais em um estacionamento de um centro comercial na cidade de Baton Rouge, Louisiana.
Na quinta-feira, a revolta se espalhou pelas ruas das principais cidades americanas depois da morte em Minnesota de outro cidadão negro, Philando Castile, que foi alvo de tiros da polícia dentro de seu carro, que ele havia estacionado e no qual estavam sua namorada e a filha desta, de apenas quatro anos.
As mortes de Sterling e Castile foram filmadas por testemunhas e os vídeos mostram que eles não representavam nenhum risco evidente para os agentes que abriram fogo.
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