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Atentados marcam penúltimo dia do Ramadã em três cidades da Arábia

Em Medina, segundo local mais sagrado para o islã, carro-bomba mata ao menos cinco policiais


Uma onda de explosões marcou ontem, na Arábia Saudita, o penúltimo dia do mês sagrado islâmico do Ramadã. Horas depois de as cidades de Qatif, no leste, e Jidá, às margens do Mar Vermelho, terem sido alvos de ataques suicidas que não deixaram vítimas, uma explosão nos arredores da Mesquita do Profeta, em Medina, deixou ao menos quatro agentes de segurança mortos e cinco feridos. O local guarda os restos mortais do profeta Maomé e faz da cidade a segunda mais sagrada para o islã, atrás apenas de Meca, também na Arábia Saudita.

Cerca de 2 milhões de visitantes chegaram nos últimos dias a Medina para as celebrações do fim do Ramadã, que termina hoje, segundo a imprensa local. O ataque ocorreu em um estacionamento localizado entre a mesquita e um tribunal, em meio às atividades religiosas. Emissoras de tevê locais exibiram imagens de chamas e fumaça no entorno do prédio, enquanto fiéis aguardavam do lado de fora.

A tevê catariana Al Jazeera chegou a reportar rumores de que a explosão teria partido de um cilindro de gás, mas o Ministério do Interior saudita confirmou que se tratara de uma ação suicida. Forças de segurança suspeitaram de um homem que se aproximou da mesquita e entrou no estacionamento reservado para os visitantes. Segundo o relato, o terrorista detonou um cinto de explosivos quando os agentes tentaram detê-lo.

Fontes disseram à emissora saudita Al Arabiya que a explosão ocorreu durante a oração feita diariamente após o pôr-do-sol, enquanto muitos fiéis se preparavam para quebrar o jejum diário do Ramadã. O suicida fingiu que ia compartilhar a refeição com os guardas.

O governador de Medina, príncipe Faisal bin Salman, visitou os guardas feridos logo após o ataque e se uniu aos fiéis na Mesquita do Profeta para a última oração do dia.

Pela manhã, um homem explodiu a si próprio do lado de fora de uma mesquita xiita na cidade de Qatif, mas não deixou mortos nem feridos. Testemunhas relataram que, minutos antes, explosivos tinham sido detonados em um carro nos arredores do templo. A ação teria ocorrido pouco antes das 7h locais.

Consulado americano
Durante a madrugada, um suicida detonou um cinto de explosivos no entorno do consulado dos Estados Unidos em Jidá, deixando dois agentes de segurança feridos. Segundo a rede de tevê CNN, os policiais suspeitaram da conduta do homem, que caminhava pelo estacionamento de um hospital importante. O suicida acionou o dispositivo quando foi abordado pelos guardas, a apenas 10m do consulado. A polícia encontrou mais três explosivos no carro que pertencia ao suicida.

A segurança em todas as representações diplomáticas dos EUA tinha sido reforçada por causa do aniversário da independência, celebrado ontem. Em 2004, o consulado americano em Jidá foi alvo de um atirador ligado à rede terrorista Al-Qaeda. Na ocasião, cinco funcionários da representação foram mortos.

Apesar de o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) ter assumido a autoria de uma série de ataques contra a comunidade xiita e contra membros de forças de segurança na Arábia Saudita, até o fim da noite nenhuma organização tinha reivindicado as ações de ontem. O método de ação, porém, coloca os jihadistas do EI como os principais suspeitos. O Ministério do Interior informou que 26 ataques terroristas foram cometidos no país, neste ano, até junho.

O grande mutifi do Egito, Shawki Ibrahim, principal autoridade religiosa do país, condenou os ;eventos terroristas; na Arábia Saudita. Ibrahim afirmou que líderes que incitam o radicalismo não podem ser considerados ;estudiosos do islã;. Ele classificou o terrorismo como ;um câncer que precisa ser erradicado;, e exortou os muçulmanos a assumir a responsabilidade de rejeitar líderes religiosos que pregam o conflito e ;destroem países;.

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