Agência France-Presse
postado em 04/07/2016 07:39
Buenos Aires, Argentina -A ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015) exigiu no domingo uma auditoria das obras públicas realizadas sob seu governo após as investigações judiciais abertas por supostos casos de corrupção que envolvem ex-funcionários e pessoas próximas ao kirchnerismo."Todas estas coisas merecem uma clareza absoluta. O que é preciso fazer é uma auditoria para estabelecer o que aconteceu, se realmente ocorreram sobrepreços nas obras públicas", disse ao canal C5N em sua primeira entrevista desde que deixou o governo, em dezembro.
Kirchner chegou na noite de sábado a Buenos Aires a partir de El Calafate (3.000 km ao sul), onde vive. Milhares de simpatizantes a aguardaram no aeroporto da cidade.
Trata-se da segunda vez em que volta à capital argentina a pedido do juiz federal Claudio Bonadio, que a investiga por prejuízos contra o Estado por operações cambiárias do Banco Central nos últimos meses de seu governo.
Vários casos judiciais foram abertos contra ex-ministros e funcionários de seu governo por supostos crimes de corrupção e inclusive a própria ex-presidente e seu filho, o deputado Máximo Kirchner, estão sendo investigados.
Um ex-vice-ministro de Obras Públicas, José López, foi preso quando ocultava sacos com 9 milhões de dólares e joias em um monastério há algumas semanas. López foi durante doze anos o elo com as construtoras que executavam as obras públicas com contratos milionários.
O caso "foi um soco no estômago, você sente repúdio, rejeição, indignação, não há palavras para definir o que se sente diante disso", disse Kirchner.
A ex-presidente minimizou a possibilidade de que seja colocada sob prisão e considerou que isso são "vicissitudes da política quando você decide representar os interesses das maiorias, quando representa os da minoria não acontece nada, está comprovado".