A batalha para suceder o primeiro-ministro britânico, David Cameron, se endureceu neste domingo (3/7) nos meios de comunicação, num momento em que a ministra do Interior, Theresa May, aparece como a grande favorita.
May já conta com o apoio de uma centena dos 330 deputados conservadores, que deverão escolher a partir de terça-feira os dois candidatos finalistas, segundo os meios de comunicação britânicos.
No entanto, seus principais rivais decidiram bloquear sua passagem, afirmando que o sucessor de Cameron deveria sair das fileiras dos partidários do Brexit no referendo de junho.
Theresa May militou pela permanência na UE, assim como David Cameron, que anunciou sua renúncia um dia após a vitória dos partidários de abandonar o bloco.
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"Theresa é uma candidata destacável, mas o país precisa de um dirigente que acredite realmente nas oportunidades que se abrem com uma saída da UE", declarou à BBC a secretária de Estado de Energia, Andrea Leadsom, também candidata a primeira-ministra e que fez campanha pelo Brexit.
Na mesma linha, outro dos candidatos a suceder Cameron, o eurocético ministro da Justiça Michael Gove, também afirmou que "o próximo primeiro-ministro deverá ser alguém que defendeu a visão da independência durante o referendo", em uma coluna no Sunday Telegraph.
Uma pesquisa da ICM para o jornal The Sun concedia uma ampla vantagem à ministra do Interior diante de seus rivais. Um total de 46% dos conservadores consideram May a melhor candidata, à frente de Gove (18%) e Leadsom (7%).
Controlar a liberdade de circulação
"A corrida pela sucessão de David Cameron pode não ser uma maratona, mas um sprint", estima Martin Boon, do instituto ICM, para quem a ministra do Interior "aparece de maneira esmagadora como a candidata mais competente".
Enquanto Andrea Leadsom sofre com a falta de notoriedade, Michael Gove tem a imagem de "traidor", primeiro em relação ao seu amigo Cameron, por escolher o campo do Brexit, e depois em relação ao seu aliado eurocético Boris Johnson, por anunciar sua candidatura antes dele.
Gove reiterou neste domingo à BBC que não pensava que Boris Johnson poderia dirigir o país. "Tenho o sentimento de que não estava pronto para responder ao desafio", declarou, justificando com o fato de que, por fim, o ex-prefeito de Londres desistiu de tentar suceder Cameron.
Em declarações à rede ITV, May estimou, por sua vez, que o país merece mais que um primeiro-ministro pró-Brexit. "Precisamos de alguém que saiba construir a partir da herança de David Cameron" e para todo o país, afirmou.
Na véspera, dezenas de milhares de britânicos marcharam no centro de Londres para manifestar sua oposição à saída da UE.
Em relação às negociações com Bruxelas, a ministra do Interior reiterou que, caso seja eleita chefe de governo, não pensa em notificar o Brexit à UE antes do fim do ano.
Os líderes europeus reiteraram, no entanto, durante o Conselho Europeu da última terça-feira, que "sem notificação não há negociação" com o Reino Unido.
"É importante que alcancemos um bom acordo sobre o controle da liberdade de circulação (de pessoas), mas também para o comércio de bens e serviços", acrescentou May.
Os britânicos votaram em sua maioria a favor de sair da União Europeia para frear a chegada dos migrantes procedentes da UE.
No entanto, os líderes europeus defendem que a liberdade de circulação é inegociável se o Reino Unido quiser permanecer no mercado único europeu após o Brexit.
Após a designação por parte dos deputados conservadores dos dois finalistas ao posto de primeiro-ministro, no dia 12 de julho, 150.000 militantes conservadores deverão eleger o sucessor de Cameron antes de 9 de setembro.