Efeito dominó
A saída do Reino Unido da UE também poderia incentivar os apelos a uma Europa "a duas velocidades", a de um núcleo para uma integração "cada vez maior" em torno do qual gravitariam outros membros. Alguns países poderiam gozar de exceções à integração ou de disposições especiais, como é o caso atual do Reino Unido ou da Dinamarca nas áreas de justiça e assuntos internos.
A adesão à moeda única também poderia ser negociada por aqueles que o desejarem, quando hoje é obrigatória para os novos membros. Mas o que os líderes europeus temem acima de tudo é um "efeito dominó".
O resultado do referendo britânico já incitou, de fato, os anti-europeus. Na extrema-direita, a presidente da Frente Nacional francesa (FN), Marine Le Pen, pediu a realização em cada país de um referendo popular sobre a adesão à União, e o mesmo fizeram os eurocéticos da Dinamarca, Holanda e Suécia. "As instituições raramente morrem", afirma Vivien Pertusot, do Instituto Francês de Relações Exteriores (IFRI). "Talvez não haja um deslocamento, uma desintegração, mas apenas uma perda de relevância: a UE já não é um fórum onde o interesse coletivo prevalece, e é cada vez mais difícil encontrar compromissos" com um bloco de 28 países, argumenta Pertusot.