Passava da zero hora desta sexta-feira (4h em Londres) quando Niger Farage, líder do ultraconservador Partido de Independência do Reino Unido (Ukip), afirmou: "Agora me atrevo a sonhar com um Reino Unido independente". O sonho do principal articulador do Brexit, a campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, tornou-se realidade poucas horas depois.
Em um referendo de consequências ainda imprevisíveis e de importância histórica, os britânicos escolheram, a partir de hoje, não mais fazer parte do bloco de 28 Estados-membros, criado em 1993. À 0h45, a emissora britânica BBC divulgou uma projeção, segundo a qual 52% dos britânicos votaram pelo abandono da UE contra 48% pela permanência.
Antes mesmo de os resultados apontarem uma tendência irreversível de vitória do Brexit, a libra esterlina despencou 11% e sofreu a maior desvalorização em 31 anos. Um dia depois de alertar sobre os riscos da ruptura com o bloco, o premiê britânico, David Cameron, agradeceu os eleitores pela afluência às urnas ; a taxa de comparecimento foi de 70%. "Obrigado a todos que votaram para manter o Reino Unido mais forte, mais seguro e melhor dentro da Europa", comentou em seu perfil no Twitter.
Reações
"Eu me sinto tão orgulhoso por ser britânico nesta manhã. A intimidação e as história assustadoras fracassaram ante nossa resolução", declarou o parlamentar conservador Daniel Hannan, partidário do Brexit. "A tarefa agora é unir o país, mover de forma paulatina a um estado em que os adeptos da saída e da permanência possam aceitar." O também parlamentar John Mann sublinhou que "fundamentalmente o voto (pela saída) é sobre uma coisa: as pessoas querem mais controle sobre suas próprias vidas e sobre o seu próprio futuro". "Hoje, estou orgulhosa de meu país. Nós somos um grande povo e uma grande nação. Obrigada a todos que fizeram parte desse histórico evento", disse a parlamentar Penny Mordaunt.
O triunfo dos partidários da saída da UE reforça o temor de uma reação em cadeia no bloco por um projeto independentista, o que colocaria em xeque a entidade. Partidos políticos na Itália, na Holanda e na Dinamarca já se mobilizam em defesa de consultas populares para avaliar se permaneceu ou não na UE.