Após mais de três anos de tratativas, o governo do presidente Juan Manuel Santos e os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) devem anunciar hoje, em Havana, os termos de um acordo de cessar-fogo bilateral para pôr fim a meio século de conflito armado no país. O tema ; o último pendente da agenda de cinco pontos que norteou os diálogos ; é um dos mais difíceis da pauta. O consenso sobre a questão representa um importante passo em direção a um novo capítulo da história colombiana e abre caminho para a assinatura do acordo de paz definitivo, que terá de ser submetido a um referendo popular.
Mesmo sem oferecer detalhes sobre os termos do acordo, os dirigentes das Farc celebraram ;um momento histórico;. Nas redes sociais, Carlos Antonio Lozada, um dos negociadores do grupo, considerou que a paz engrandece os colombianos e utilizou a hashtag #ElÚltimoDíaDeLaGuerra para marcar o avanço. ;Para que cesse a horrível noite e se abra o caminho da paz e da esperança. Quinta-feira, 23 de junho, anunciaremos #ElÚltimoDíaDeLaGuerra;, escreveu no Twitter.
No mesmo ambiente virtual, o presidente Juan Manuel Santos comemorou a conquista e fez referência à campanha pelo ;sim; no referendo de validação do acordo. ;Amanhã (hoje) será um grande dia! Trabalhamos por uma Colômbia em paz, um sonho que começa a ser realidade;, escreveu.
O governo brasileiro parabenizou os colombianos pelo avanço e destacou a ;contribuição decisiva de Cuba para o êxito do processo de paz;. ;Trata-se de passo fundamental para o fim da violência e para a pacificação definitiva da Colômbia, que representa uma vitória para todos os colombianos e motivo de júbilo para a região como um todo;, afirmou o Itamaraty. Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, fez votos de esperança por um acordo final.
Em nota, as partes informaram que o pacto trata de itens como a deposição de armas, garantias de segurança e a luta contra organizações criminosas. Segundo a rádio colombiana Caracol, será criado um cronograma para o abandono das armas pela guerrilha.
Testemunhas
Uma comitiva internacional vai acompanhar o anúncio do acordo sobre o fim das hostilidades em Havana, cidade que sediou todo o processo de negociação. Entre as testemunhas da conclusão dessa etapa estarão o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon; e os presidentes Michelle Bachelet (Chile), Nicolás Maduro (Venezuela), Danilo Mejía (República Dominicana) e Salvador Sánchez (El Salvador). Os países garantidores do processo de paz, Cuba e Noruega, serão representados pelo presidente Raúl Castro e pelo chanceler Borge Brende. Os termos do pacto somente entrarão em vigor após a assinatura do tratado de paz final e a aprovação popular via plebiscito. Segundo a consultoria Datexco, 57% dos colombianos devem votar pelo processo de paz.
O avanço nas negociações foi celebrado pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), a segunda maior guerrilha do país, que começou as negociações com o governo. O passo em direção à paz foi comemorado por diversas organizações envolvidas na análise do conflito. Entidades, como a Fundación Ideas Para la Paz (FIP) e o Comitê Internacional Cruz Vermelha, no entanto, lembraram que a violência contra a mulher, o cultivo familiar de coca e o desaparecimento de pessoas durante o conflito carecem de debate. Para Sergio Guarín, coordenador da FIP, a implementação da paz está nas mãos dos colombianos. ;O acordo dependeu da vontade dos guerrilheiros e a paz dependerá da vontade dos cidadãos.;
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