O governo chinês protestou contra a reunião desta quarta-feira (15/6) entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o líder espiritual tibetano Dalai Lama. Mesmo com o cuidado da Casa Branca em promover o encontro a portas fechadas e sem pronunciamento à imprensa, Pequim considerou que a reunião pode trazer danos para as relações bilaterais com Washington.
Dalai Lama é considerado pelo governo chinês um perigoso líder separatista e pressiona autoridades ao redor ao globo para não recebê-lo. Enquanto o monge budista de 80 anos, aposentado oficialmente da política e no exílio na Índia desde a revolta dos tibetanos contra o domínio chinês em 1959, luta por uma maior autonomia para a região, Pequim se preocupa com o crescimento da demanda separatista no país. ;Se os EUA planejarem essa reunião, isso enviará um sinal errado sobre a independência do Tibete e forças separatistas, prejudicando a confiança e cooperação mútua entre China e EUA;, argumentou Lu Kang, porta-voz da chancelaria chinesa.
A presidência dos EUA fez questão de ressaltar que não apoia a independência da região e que considera o Tibete parte da Republica Popular da China. ;O presidente encorajou o diálogo significativo e direto entre Dalai Lama e seus representantes com as autoridades chinesas para reduzir as tensões e resolver diferenças;, reitera o comunicado. Em comunicado, a Casa Branca informou que Obama e Dalai Lama discutiram a situação dos tibetanos, que se queixam de perseguição política na China. O americano ;enfatizou seu forte apoio à preservação; da ;religião única; e das tradições culturais no Tibete, bem como a proteção dos direitos humanos em toda a China.
O monge tibetano ainda tratou de assuntos ambientais com Obama e prestou condolências às famílias das vítimas do massacre na boate Pulse, em Orlando.
Essa foi a quarta vez que Obama se reuniu com o líder budista e, como nas ocasiões anteriores, tomou cuidado com gestos que pudessem ser vistos como uma provocação por Pequim. A Casa Branca não permitiu que a imprensa acompanhasse a chegada de Dalai Lama. O monge foi recebido na Sala de Mapa da residência oficial, e não no Salão Oval, onde o presidente costuma receber visitas. Ele foi citado como ;sua santidade; na agenda do chefe de Estado, sem que qualquer alusão ao Tibete fosse feita.