A Venezuela entrará em uma fase de conflitos com consequências para toda a região se a Justiça anular o processo do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, advertiu nesta terça-feira (14/6) a oposição após uma demanda contra a iniciativa.
"Se o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) for utilizado para frear ou anular o processo do revogatório, a Venezuela sairá definitivamente do âmbito da lei e da Constituição e entraremos em uma zona de turbulência extremamente perigosa", disse o secretário da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba.
Nesta terça, mais de uma centena de pessoas protestaram por comida em Catia, enclave do chavismo a oeste de Caracas, constataram jornalistas da AFP.
Além disso, a ONG Provea publicou em sua conta no Twitter que foram registradas tentativas de saque em Cumaná, capital do estado de Sucre (leste), repelidas por policiais e militares. Veículos locais noticiaram que uma pessoa ficou ferida por um projétil. A informação não foi confirmada por nenhuma autoridade.
O porta-voz denunciou que a situação tem a intenção deliberada de empurrar o país para este cenário, o que geraria um impacto para além de suas fronteiras.
"O que acontecer na Venezuela vai impactar toda a região", afirmou.
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Na segunda-feira, o chavismo apresentou uma demanda na Sala Constitucional do TSJ - acusado pela oposição de servir ao governo - por "fraude" na coleta de assinaturas para ativar o revogatório.
Ao introduzir a demanda, o delegado presidencial, Jorge Rodríguez, se absteve de informar se esta busca a anulação ou a suspensão do processo.
"Este é o plano B da situação, judicializar o processo para, então, usar o TSJ como ;guarimba; (refúgio) judicial. Seu plano A era deter o revogatório no CNE (Conselho Nacional Eleitoral), mas não conseguiram", afirmou Torrealba.
O dirigente negou as supostas irregularidades e disse que "a única fraude" foi a tentada pelo governo, com a "cumplicidade" do CNE, para afetar a coleta de assinaturas.
Na sexta-feira passada, o CNE deu seu aval para que 1,3 milhão de pessoas validem suas rubricas com a impressão digital entre 20 e 24 de junho e desta forma possa ser ativada a consulta.
Outras 600 mil assinaturas foram anuladas por inconsistências como pertencer a pessoas falecidas, a condenados e menores de idade, segundo o CNE.
Para fazer o revogatório avançar são necessárias pouco menos de 200.000 rubricas.
"Em outubro haverá referendo e não poderão detê-lo a menos que (...) utilizem a trapaça da judicialização do processo", enfatizou Torrealba.
Maduro assegura que o referendo só será possível a partir do ano que vem.
Se a consulta for feita antes de 11 de janeiro de 2017, quando se completam quatro anos do mandato presidencial e Maduro perder, eleições serão convocadas. Mas se ocorrer depois desta data, mesmo o presidente sendo derrotado, seu vice governará nos dois anos restantes.