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Tiroteio perto do QG do Exército israelense deixa quatro mortos

"Estamos falando de um incidente terrorista muito sério", afirmou o chefe de Polícia de Tel Aviv, Chico Edri

Quatro pessoas morreram, e cinco ficaram feridas, nesta quarta-feira (8/6) à noite, no tiroteio em um bairro de bares e restaurantes próximo ao Ministério da Defesa e ao quartel-general do Exército israelense em Tel-Aviv - informou uma fonte médica.

As vítimas foram levadas para o Hospital Ichilov, que fica perto de um shopping, onde nove pessoas foram atingidas pelos tiros.

"Estamos falando de um incidente terrorista muito sério", afirmou o chefe de Polícia de Tel Aviv, Chico Edri.

"Dois terroristas chegaram ao complexo e abriram fogo, deixando nove pessoas feridas em diferentes níveis de gravidade", disse à imprensa.

"Dos dois terroristas, um foi detido, e o outro, ferido a tiros", relatou.

Os dois abriram fogo por volta das 21h30 (15h30, no horário de Brasília), no bairro de Sarona, a dois passos do Ministério da Defesa, bastante movimentado nessa hora, informaram testemunhas e a Polícia.

Os envolvidos no ataque são dois primos palestinos dos arredores de Hebron, na Cisjordânia ocupada, descreveu a Polícia israelense.

"Os dois terroristas que cometeram o ataque no bairro de Sarona são primos da região de Hebron. Um está no hospital em estado grave, e o outro foi preso", de acordo com um comunicado divulgado pela porta-voz da Polícia, Luba Samri.

Pânico e reações

"Quando cheguei, vi dois homens jovens feridos a bala do lado de fora de um restaurante", relatou um socorrista da organização United Hatzalah, segundo a própria instituição.

"Nós os atendemos, assim como muitas outras pessoas que estavam em choque", acrescentou.

O jovem Avraham Liber, que havia chegado de Jerusalém, tomava um sorvete com amigos.

"Estava sentado, de modo que pude ver o agressor. Parecia estar sentado em uma cadeira. Ele se levantou e começou a atirar nas pessoas em volta", contou Liber.

Meital Gonen viu pessoas se dirigindo para a porta de sua loja, suplicando: "tem um terrorista. Por favor, abra a porta".

"Gritavam, berrava, tinha muito sangue. As pessoas estavam morrendo. Era aterrador. Abrimos as portas para que as pessoas pudessem se proteger", descreveu a jovem.

Yechiel Miller, voluntário dos serviços de socorro United Hatzalah, disse que, em sua chegada, encontrou "uma senhora inconsciente, que já não respirava, em estado crítico".

Além dos feridos, muitas pessoas foram atendidas em estado de choque, relatou o enfermeiro Davidi Dahan.

O ataque causou cenas de pânico. Também houve rumores - já desmentidos - de que um dos atacantes teria conseguido fugir.

"Não temos informação sobre um terrorista que tenha escapado. As pessoas podem retomar suas atividades normalmente", declarou o chefe de Polícia, depois que um cerco foi estabelecido no local.

O governo americano denunciou o tiroteio e classificou o episódio como um "terrível ataque terrorista".

"Esses ataques covardes contra cidadãos inocentes não se justificam nunca", declarou o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark Toner.

O presidente francês, François Hollande, condena "com a máxima força o desprezível atentado" de Tel Aviv, de acordo com a nota divulgada pelo Palácio do Eliseu, que manifesta "seu total apoio a Israel na luta contra o terrorismo".

"Todos devem rejeitar a violência e dizer não ao terrorismo", defendeu o enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, em aparente alusão aos dirigentes palestinos.

Deflagrada em outubro passado em Israel, em Jerusalém e nos Territórios palestinos, a onda de violência atual já matou 207 palestinos, 28 israelenses, dois americanos, um eritreu e um sudanês, segundo balanço feito pela AFP.

Em 1; de janeiro, um ataque similar já havia ocorrido em Tel Aviv. Um árabe israelense abriu fogo, aleatoriamente, contra pessoas sentadas nas varandas de bares e restaurantes. O episódio deixou dois mortos e vários feridos. Na fuga, o indivíduo matou um motorista de táxi. Ele foi abatido uma semana depois.

A prefeitura anunciou o reforço da segurança em escolas, prédios públicos e lugares mais movimentados.

Citado por um porta-voz, o prefeito Ron Huldai admitiu, porém, que "não poderemos pôr um policial em cada esquina".

"O agressor solitário pode surgir em qualquer esquina. É a realidade que temos de viver", lamentou.