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MSF alerta para risco de muitos mortos após ataque do Boko Haram no Níger

"Se não houver uma ação (humanitária) forte, poderemos lamentar muitas mortes de fome e de sede", disse à AFP Elmounzer Ag Jiddou, chefe de missão da MSF no Níger, alegando que uma "crise humanitária" está surgindo


Abidjan, Costa do Marfim - A organização Médicos Sem Fronteiras alertou nesta quarta-feira para a situação de 50.000 refugiados e deslocados após o ataque maciço do Boko Haram em Bosso (sudeste do Níger), estimando que sem uma ajuda humanitária "forte", haverá "muitos mortos".

"Se não houver uma ação (humanitária) forte, poderemos lamentar muitas mortes de fome e de sede", disse à AFP Elmounzer Ag Jiddou, chefe de missão da MSF no Níger, alegando que uma "crise humanitária" está surgindo.

"Pedimos ao governo e às agências humanitárias esforços para coordenar a assistência e facilitar o acesso humanitário. É muito importante", acrescentou.

"Temos testemunhos sobre pessoas que morreram de sede e fome, mas nenhuma evidência ainda. As pessoas fugiram a pé, às vezes sem levar nada. O clima é muito hostil (quente e seco). Há crianças, velhos, mulheres... ", indicou Elmounzer Ag Jiddou, que estava em Niamey.



As equipes da MSF no local identificaram dois locais de concentração de pessoas. O primeiro em Kintchandi, em um entroncamento rodoviário, que já tinha 12.000 pessoas antes do ataque na sexta-feira.

"Temos agora que multiplicar esse número por quatro", disse ele. Um outro local em Bazam Gari (50 km de Diffa) abriga 1.500 famílias.

"Há também um problema de localização. As pessoas fogem, se escondem... Às vezes, em pequenos grupos", disse ele.

As autoridades nigerianas que haviam recuperado pelo menos temporariamente a cidade no domingo, garantiu na segunda-feira que "Bosso estava totalmente sob controle."

O ataque, perto da fronteira da Nigéria, foi um dos mais mortais realizados pelo Boko Haram no Níger desde que o país entrou oficialmente na guerra contra os insurgentes, em fevereiro de 2015.

De acordo com as autoridades, o ataque deixou 26 mortos do lado governista e 55 entre os integrantes do Boko Haram.

O exército chadiano, o mais experiente na região, estava se movendo nesta quarta-feira com 2.000 homens para "perseguir" os insurgentes islâmicos.