A Suíça inaugurou nesta quarta-feira (1/6) o túnel ferroviário de São Gotardo, o mais longo do mundo, que permitirá descongestionar e aumentar o tráfego entre o norte e o sul da Europa. O presidente da Suíça, Johan Schneider-Amman, afirmou na cerimônia que o túnel "unirá as pessoas e as economias" da Europa.
A unidade política do continente se vê abalada no momento pelo grande fluxo de imigrantes e a ameaça iminente de uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE). O presidente suíço discursou antes da viagem inaugural de um trem pelo túnel 57 quilômetros.
A chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês François Hollande e o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi estavam a bordo do trem "Gottardo 2016", que percorreu o trajeto em 30 minutos.
O túnel colossal, com obras que duraram 17 anos, entrará realmente em funcionamento no mês de dezembro e constituirá a peça chave da nova linha ferroviária que atravessará os Alpes (NEAT), permitindo a criação de um novo mapa de comunicações no eixo Norte-Sul da Europa.
A meta é aumentar o uso das ferrovias e descongestionar as estradas para o tráfego de mercadorias, no corredor Reno-Alpes que vai de Roterdã, no Mar do Norte, até Genova, às margens do Mediterrâneo.
A União Europeia, que financiou 15% da obra (que teve custo total de 12,276 bilhões de dólares ou 10,9 bilhões de euros), aplaude, além da proeza técnica, um investimento "ecológico". Para a inauguração, em quatro pontos diferentes, foram convidadas mais de mil pessoas. As cerimônias começaram durante a manhã com uma bênção ecumênica, na presença de um padre, um pastor, um rabino e um imã.
O evento contou com rígidas medidas de segurança da polícia, além da mobilização de quase 2 mil soldados, assim como a vigilância do espaço aéreo. O túnel é chamado de "base" para diferenciá-lo de outro, construído entre 1872 e 1881, de 17 km, no topo das montanhas do maciço de São Gotardo.
No total, 260 trens de mercadorias poderão cruzar o novo túnel, a uma velocidade de 100 km/h, assim como 65 trens de passageiros por dia, que podem alcançar 200 km/h. Entre os desafios técnicos que precisaram ser superados durante as obras estava a questão da temperatura, que poderia chegar a 45 graus, o que obrigou a instalação de um potente sistema de ventilação para garantir as condições de trabalho.
A companhia ferroviária federal da Suíça prevê um aumento do volume de transporte de carga de 20% até o ano 2020 na rota entre Roterdã e Genova. O número de passageiros deve aumentar dos atuais 9 mil por dia a 15 mil até 2020. O trajeto entre Zurique e Lugano vai cair 41 minutos.
No total, os operários escavaram 152 km de "tubos" a uma profundidade recorde (2.300 metros sob as montanhas), com duas galerias principais unidas por galerias transversais. Mas o recorde do túnel pode durar pouco, já que existe um projeto na China ainda mais ambicioso: perfurar um túnel de 123 km sob o Mar de Bohai.