Após o acidente com o avião da EgyptAir, as medidas de segurança se intensificaram no aeroporto de Paris-Roissy, já sob forte vigilância desde os atentados terroristas de 2015, para evitar, em particular, a infiltração de funcionários radicalizados. Depois dos atentados de Paris, as autoridades decidiram analisar as 86.000 autorizações de acesso às zonas chamadas "reservadas" do aeroporto.
Entre janeiro de 2015 e abril de 2016, esta autorização foi retirada ou não renovada de mais de 600 pessoas. Entre elas, 85 eram suspeitas de radicalização, segundo as autoridades. Apesar disso, ainda há na plataforma "400 casos inquietantes de radicalização", segundo uma fonte próxima ao caso.
Para identificá-los, são levados em conta todos os detalhes: a negativa de um funcionário do sexo masculino em falar com uma mulher ou em receber ordens de uma mulher já é o bastante para retirar a autorização. Desde quinta-feira, os investigadores interrogam os funcionários em terra que precisaram se aproximar do avião da companhia egípcia que caiu no mar na noite de quarta-feira, quando se dirigia de Paris ao Cairo. Os investigadores afirmam, no entanto, que até o momento não privilegiam nenhuma pista.
Reconstituir os fatos sobre a escala em Roissy
A gendarmaria do transporte aéreo (GTA), a polícia de fronteiras e os serviços de inteligência trabalham para reconstituir os fatos em torno da escala do Airbus A320 em Roissy. O avião chegou do Cairo às 21h55 de quarta-feira e decolou uma hora mais tarde, pouco depois das 23h00 - um intervalo muito curto.
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[SAIBAMAIS]Passageiros, membros da tripulação, funcionários de limpeza, manutenção, abastecimento e transporte de bagagens: o objetivo é identificar todas as pessoas que tiveram acesso ao avião, em particular através das câmeras de vigilância. Segundo uma fonte bem informada, não foi identificada até agora "nenhuma falha ou pessoa suspeita".
À primeira vista, as medidas de segurança do Roissy "foram corretas", disse outra fonte próxima ao caso. "A hipótese terrorista não está excluída, mas sim na forma de uma ação humana, não de uma bomba", acrescentou. A tarefa é complicada também pelo fato de que, antes de fazer escala em Paris, o avião passou por Egito, Eritreia e Tunísia.
A pista dos passageiros
A lista dos passageiros também está sendo analisada. "É muito cedo para dizer se há ou não um perfil problemático", o que "não quer dizer que não existam suspeitas", segundo outra fonte. Uma fonte do aeroporto indicou que nenhuma carga foi embarcada em Roissy. E as malas do porão e da cabine foram "inspecionadas e filtradas cem por cento". A hipótese da introdução de explosivos em Roissy parece extremamente improvável.
Desde novembro, as medidas de segurança foram aumentadas em todos os aeroportos franceses. "Passageiros e bagagem são controlados por três sistemas sucessivos", explica à AFP Xavier Tytelman, especialista em segurança aérea. "Depois de um primeiro controle com escâner, as malas consideradas suspeitas são dirigidas a um segundo sistema: tomografias que detectam as conexões químicas, que revelam a presença ou não de explosivos; a última etapa é uma fase de inspeção humana com a eventual intervenção de um equipamento de desminagem", afirma. Para os controles de bagagem de mão, as análises de escâner são "99,9% confiáveis".