Jornal Correio Braziliense

Mundo

Hillary Clinton luta para superar Sanders em novas primárias nos EUA

Com a disputa entre os republicanos virtualmente decidida a favor do bilionário Donald Trump, a ex-secretária de Estado está prestes a garantir sua indicação como a candidata democrata, mas ainda enfrenta a resistência do carismático senador Sanders

Hopkinsville, Estados Unidos - A pré-candidata à Presidência americana Hillary Clinton penava nesta terça-feira nos estados do Oregon e Kentucky em um novo confronto com o senador Bernie Sanders nas primárias do Partido Democrata, visando às eleições de novembro. No Kentucky, após mais de três horas do fim da votação, não era possível declarar o vencedor, com Hillary obtendo 46,7% dos votos, contra 46,3% para Sanders, depois da apuração de 99% das cédulas.

No Oregon, os resultados estarão disponíveis a partir da 1h desta quarta-feira. As pesquisas antecipam uma pequena vantagem de Hillary no Estado. Com a disputa entre os republicanos virtualmente decidida a favor do bilionário Donald Trump, a ex-secretária de Estado está prestes a garantir sua indicação como a candidata democrata, mas ainda enfrenta a resistência do carismático senador Sanders.

Franca favorita, Hillary Clinton se apoia fundamentalmente no respaldo dos ;superdelegados; do Partido Democrata (legisladores e dirigentes) para obter a indicação na convenção nacional, prevista para julho. Apesar do otimismo no início da campanha eleitoral, a disputa partidária se aproxima dos capítulos finais com Hillary Clinton em boa vantagem, mas ainda incapaz de cantar vitória, já que parte considerável do eleitorado democrata deixou claro que prefere as propostas mais ousadas de Sanders.

[SAIBAMAIS]Assim, ao invés de afinar o discurso para enfrentar Trump na campanha presidencial, Hillary Clinton passou a segunda-feira em intensa campanha em Kentucky, em busca dos votos de um setor que resiste em apoiá-la: os homens brancos da classe operária.



Recuperação
Na semana passada, Sanders venceu com folga as primárias no estado da Virgínia Ocidental, que tem em comum com Kentucky a importante indústria do carvão. O triunfo de Sanders na Virgínia Ocidental foi um verdadeiro revés para Clinton, que derrotou com boa vantagem Barack Obama neste estado na disputa interna democrata de 2008.

Agora, Hillary tenta reparar os estragos provocados por sua declaração de março, durante um ato de campanha, de que colocaria "muitas empresas de carvão e mineração fora do negócio". Claramente, os trabalhadores do setor na Virginia Ocidental e do Kentucky acusaram o golpe. De acordo com as pesquisas, Sanders e até Trump aparecem à frente de Hillary entre o segmento específico da classe trabalhadora branca.

Em Louisville, a maior cidade de Kentucky, John Spenlau, de 28 anos, declarou à AFP que votou em Sanders. "Francamente, não acredito que vencerá a indicação, mas prefiro a ideia de uma mudança continuada", comentou. Em uma tentativa de recuperar espaço no Kentucky, a pré-candidata apresentou o seu trunfo na segunda-feira: a presença de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. "Disse ao meu marido que, se eu tiver a sorte de ser presidente e ele for o primeiro-cavalheiro, espero que comece a trabalhar para aumentar os salários", disse a ex-secretária de Estado, sugerindo um papel para o ex-presidente em sua eventual gestão na Casa Branca.

Quase imediatamente, Trump respondeu utilizando sua arma preferida, o Twitter: "Clinton disse que seu marido estará à frente da economia. Se for assim, ele poderia competir, com ela", comentou, antes de enviar outras mensagem: "mal pode com Sanders. Hoje será mais um dia ruim para ela". No domingo, Hillary havia declarado que poderia pedir ao marido que se encarregasse de "revitalizar a economia", sem divulgar mais detalhes.

Sanders busca seguir na corrida
Enquanto isso, Sanders participou de atos no Kentucky, com mais de 2.000 pessoas cada, reforçando seu chamado a um movimento de massas que force o Partido Democrata a assumir uma postura mais frontal contra o que chama um sistema político e econômico injusto e a lutar contra a desigualdade econômica. O senador por Vermont precisa imperativamente conseguir vitórias amplas para reduzir sua desvantagem para Hillary no número de delegados à convenção nacional. "Precisamos da sua ajuda para vencer no Oregon e em Kentucky", expressou nesta terça-feira Sanders em mensagem no Twitter, dirigido aos eleitores democratas.

Como os democratas distribuem seus delegados de acordo com um critério proporcional, mesmo Sanders vencendo - especialmente por uma margem estreita - não impede que Clinton continue ganhando força. Neste cenário, o duelo parece que não se definirá até as primárias da Califórnia, prevista para 7 de junho.

Trump, por sua vez, único candidato na corrida pela indicação republicana, concentra-se agora em tentar fechar as feridas que sua candidatura abriu no Partido Republicano, para unir forças e evitar uma surpresa na convenção nacional, que será celebrada no fim de julho em Cleveland. Um grupo de apoio à campanha de Hillary começou a divulgar nesta terça-feira pela televisão um vídeo que critica frontalmente Trump por seus ataques e comentários depreciativos contra as mulheres. A resposta de Trump não demorou: "é incrível que Hillary, a mentirosa, possa fazer um vídeo sobre mim e as mulheres, quando seu marido foi o pior abusador de mulheres na histórica política dos Estados Unidos", expressou no Twitter.